Com a apuração próxima dos 100% das urnas em todo o país, o quadro da vitória de Dilma (PT) à sucessão de Lula se concentrou na região Nordeste, Norte e Sudeste.
Dilma venceu em todos os estados do Nordeste. No Norte, ficou na frente no Amapá, Amazonas, Pará e Tocantins.
Ela também venceu no segundo e terceiro maior colégio eleitoral: Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na região Centro-Oeste, Dilma ganhou no Distrito Federal.
Em contrapartida, Serra se consagrou vitorioso na região Sul, onde venceu em todos os estados.
Na região Norte, ele ganhou no Acre, Roraima e Rondônia. No Centro-Oeste em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Serra também vence em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, no Espírito Santo e no exterior.
domingo, 31 de outubro de 2010
MAS QUE MULHER! ( Artigo de Ricardo Hoffmann, edição de 16 de Agosto de 2009 no JP)
Não se deve dizer não a cliente. Basicamente por isso aceitei o convite para participar de um evento justo no dia do meu aniversário. Mais uma vez prevaleceu o lado profissional na minha vida. Menos mal que nesse caso o aniversariante não era nenhum dos filhos ou a mulher.
Foi um aniversário diferente. Não teve bolo, ninguém cantou parabéns e a maioria dos cumprimentos chegou por telefone, SMS ou e-mail. Sinal dos tempos, quem sabe: menos abraços pessoais e mais abraços virtuais; menos convívio pessoal e cada vez mais convívio laboral.
Chegamos então ao local do evento: Hotel Jequitimar, Praia de Pernambuco, Guarujá, no litoral de São Paulo. Instalações cinematográficas, tudo novo, belíssimo e de extremo bom gosto. Decoração moderna, onde o menos é mais.
O segundo dia à beira-mar amanheceu radiante, desvendando a singela ilha oceânica encoberta pela névoa do dia anterior. O sol brilhava forte, rivalizando com a lua cheia da noite passada. Foi nesse cenário que ela surgiu, para uma plateia de publicitários, anunciantes e um sem número de celebridades do SBT, o perfeito anfitrião. O próprio Silvio Santos se fez presente, ele que raramente comparece - diziam.
Estávamos todos ali, um sábado de praia, véspera do Dia dos Pais, para ver e ouvir aquela mulher. Esse sentimento era facilmente percebido junto a todos. E olha que a concorrência foi poderosa em termos de atrações: Roberto Justus, Carlos Alberto de Nóbrega, Ratinho, Eliane, Carlos Nascimento, entre tantos outros artistas.
Ninguém foi capaz de superá-la. Ninguém arrancou tantos aplausos. Ninguém causou tanta comoção. Ninguém conquistou tanta admiração. E ninguém se mostrou mais inteligente, mais bem informado, mais otimista, mais capacitado... Que mulher!
Estar com a ministra Dilma Roussef, ver de perto um verdadeiro exemplo de luta contra o câncer, comprovar que ainda existe gente bem-intencionada nesse país, constatar que o Brasil avança, se moderniza, se torna menos desigual e que poderá, sim, pela primeira vez, ter uma mulher na presidência da República foi o melhor presente que eu poderia ganhar no meu aniversário... Que momento!
Foi um aniversário diferente. Não teve bolo, ninguém cantou parabéns e a maioria dos cumprimentos chegou por telefone, SMS ou e-mail. Sinal dos tempos, quem sabe: menos abraços pessoais e mais abraços virtuais; menos convívio pessoal e cada vez mais convívio laboral.
Chegamos então ao local do evento: Hotel Jequitimar, Praia de Pernambuco, Guarujá, no litoral de São Paulo. Instalações cinematográficas, tudo novo, belíssimo e de extremo bom gosto. Decoração moderna, onde o menos é mais.
O segundo dia à beira-mar amanheceu radiante, desvendando a singela ilha oceânica encoberta pela névoa do dia anterior. O sol brilhava forte, rivalizando com a lua cheia da noite passada. Foi nesse cenário que ela surgiu, para uma plateia de publicitários, anunciantes e um sem número de celebridades do SBT, o perfeito anfitrião. O próprio Silvio Santos se fez presente, ele que raramente comparece - diziam.
Estávamos todos ali, um sábado de praia, véspera do Dia dos Pais, para ver e ouvir aquela mulher. Esse sentimento era facilmente percebido junto a todos. E olha que a concorrência foi poderosa em termos de atrações: Roberto Justus, Carlos Alberto de Nóbrega, Ratinho, Eliane, Carlos Nascimento, entre tantos outros artistas.
Ninguém foi capaz de superá-la. Ninguém arrancou tantos aplausos. Ninguém causou tanta comoção. Ninguém conquistou tanta admiração. E ninguém se mostrou mais inteligente, mais bem informado, mais otimista, mais capacitado... Que mulher!
Estar com a ministra Dilma Roussef, ver de perto um verdadeiro exemplo de luta contra o câncer, comprovar que ainda existe gente bem-intencionada nesse país, constatar que o Brasil avança, se moderniza, se torna menos desigual e que poderá, sim, pela primeira vez, ter uma mulher na presidência da República foi o melhor presente que eu poderia ganhar no meu aniversário... Que momento!
PLINIO ANULA O SEU VOTO
Derrotado no primeiro turno nas eleições presidenciais, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) anulou seu voto na manhã deste domingo. Plínio votou no Colégio Santa Cruz, mesmo local onde vota o candidato José Serra (PSDB).
O socialista, que teve menos de 1 milhão de votos no primeiro turno, digitou 50, o número do PSOL, na urna.
O socialista, que teve menos de 1 milhão de votos no primeiro turno, digitou 50, o número do PSOL, na urna.
NAMORO DA HORA
Fofoqueiros de plantão, dizem que FHC e Ellen Gracie, estão namorando. Ambos estão sozinhos e sem namorados.
O GRANDE DEBATE
Amanha, segunda feira, as oito horas, na Radio Vale,1520 kW teremos uma edição especial do GRANDE DEBATE, para discutirmos a eleição presidencial e a conjuntura de nossa cidade. Não percam. Voce também pode ouvir o programa pelo www.radiovaledojacui.com.br
PESQUISAS APONTAM VITÓRIA DE DILMA
As últimas pesquisas Ibope e Datafolha antes da eleição no domingo mostraram folgada liderança de Dilma Rousseff (PT) sobre José Serra (PSDB).
Segundo dados divulgados no site G1 neste sábado, o Datafolha mostrou a petista com 51 por cento das intenções de voto contra 41 por cento do tucano. Os indecisos somaram 4 por cento, o mesmo percentual de brancos e nulos.
Já o Ibope trouxe Dilma com 52 por cento das intenções de voto e Serra com 40 por cento. Os indecisos ficaram em 3 por cento e brancos e nulos, 5 por cento.
A margem de erro das duas pesquisas é de 2 pontos percentuais.
Considerando-se apenas os votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos, no Datafolha Dilma tem 55 por cento e Serra 45 por cento. Já no Ibope, a petista soma 56 por cento e o tucano 44 por cento.
Segundo dados divulgados no site G1 neste sábado, o Datafolha mostrou a petista com 51 por cento das intenções de voto contra 41 por cento do tucano. Os indecisos somaram 4 por cento, o mesmo percentual de brancos e nulos.
Já o Ibope trouxe Dilma com 52 por cento das intenções de voto e Serra com 40 por cento. Os indecisos ficaram em 3 por cento e brancos e nulos, 5 por cento.
A margem de erro das duas pesquisas é de 2 pontos percentuais.
Considerando-se apenas os votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos, no Datafolha Dilma tem 55 por cento e Serra 45 por cento. Já no Ibope, a petista soma 56 por cento e o tucano 44 por cento.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
A QUEM INTERESSA OS ARQUIVOS MILITARES SOBRE DILMA?
Por Márcio Mello Casado (*)
A Folha de São Paulo ajuizou em 25 de outubro de 2010 uma ação cautelar no Supremo Tribunal Federal (nº 2727), cuja intenção é obter o acesso às cópias do processo penal número 366/70, no Superior Tribunal Militar, em que foi ré a candidata Dilma Roussef. A Ação cautelar foi distribuída à Ministra Cármen Lúcia. Ao receber o processo, ela determinou que fosse ouvido o Presidente do Superior Tribunal Militar, bem como que a Folha juntasse cópias do recurso extraordinário que citava no corpo da petição inicial. Presidente do Superior Tribunal Militar e a Folha atenderam aos pedidos da Ministra e a cautelar, neste momento, está nas mãos dela e pode ser despachada a qualquer momento.
O que é um Amicus Curiae?
Em tradução literal, amicus curiae, é o amigo da Corte, o amigo do Tribunal. A figura tornou-se rotineira no sistema jurídico através da Lei 9.868/99, art. 7º, Parágrafo 2º (O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades).
Em uma medida cautelar como a que a Folha ingressou, o amicus curiae formal, dificilmente seria aceito, visto que a admissão dele estaria vinculada às Ações Direta de Inconstitucionalidade e Declaratória de Constitucionalidade. No entanto, um amigo da Corte, alguém que tenha interesse em informar o Tribunal e, porque não, a sociedade, pode fazê-lo fora dos autos. A Carta Maior (cujo nome é inspirado, justamente, na Constituição Federal do Brasil) abriu o espaço para que um amigo da Corte possa expor a verdadeira intenção da Folha, aliada à falta de fundamento legal de sua pretensão.
Desorganização ou má intenção?
A Folha está preocupada em informar o cidadão brasileiro sobre o que a candidata Dilma teria feito durante a ditadura militar. E tais informações, segundo alega, somente podem ser obtidas por meio do acesso aos arquivos que estão no Superior Tribunal Militar. A atuação da candidata Dilma durante a ditadura não pode ser medida por arquivos de um processo penal dirigido por quem a torturava. Qualquer informação que esteja contida nestes arquivos será parcial ou, mais provavelmente, mentirosa. Ademais, qualquer condenação que tenha sido imposta à candidata Dilma, por um Estado de Exceção, foi acobertada pela Lei da Anistia.
Mas a Folha está preocupada em informar o cidadão brasileiro, o que, além de louvável, não deixa de ser uma surpresa. Justo neste momento, a Folha resolveu colocar-se como defensora da liberdade de imprensa e reputa como de indiscutível interesse público informações contidas em um processo penal dirigido e com provas obtidas por criminosos. É evidente, no entanto, que ainda que haja mentiras, este documento tem algum valor histórico. E o acesso a ele deveria ser franqueado a todos, assim como todos os arquivos da época da ditadura deveriam ser abertos ao público, ante o seu conteúdo histórico.
Logo, teria a Folha razão em pedir, justo neste momento, o acesso aos autos? Não, por dois motivos: a) ela já extraiu cópias do processo, em 12 de Marco de 2009, por meio da jornalista Fernanda Odilla; b) não há interesse público algum em jogo, mas interesses individuais, seja da candidata Dilma ou da própria Folha.
A Folha, em 2009, produziu a matéria intitulada: “Grupo de Dilma planejava seqüestrar Delfim”. Esta matéria foi rechaçada, de forma veemente, pelo jornalista Antonio Roberto Espinosa. Isto é, quando teve acesso aos documentos do processo da candidata Dilma, a Folha já fez o que não deveria, produziu matéria jornalística desprezível.
Os interesses que movem a Folha, neste momento, ou há dois meses atrás (quando pediram as cópias, novamente, ao STM) não são públicos. A Folha deseja, como já o fez, elaborar matéria depreciativa, partindo de dados (que já tem!) produzidos por um procedimento ocorrido há quarenta anos atrás, instruído com elementos de prova produzidos por criminosos.
Interesses individuais foram argüidos pelo STM ao negar o novo acesso, no meio da campanha eleitoral. Entretanto, estes são os direitos mais caros aos cidadãos e que são os pilares de uma democracia: privacidade, dignidade da pessoa humana, honra e imagem. Ou um candidato à presidência da república não pode ter tais direitos preservados? Evidente que sim. A candidata Dilma é, antes, a pessoa humana Dilma.
Ela estava no Brasil, lutando pela democracia. Foi perseguida, presa, torturada e processada por seus algozes.
A Folha jamais poderá ter acesso a tais documentos? Estamos convencidos que o acesso deve ser franqueado sim, pois a Folha pode produzir a matéria que bem entender sobre a candidata Dilma ou qualquer outro candidato. Mas, neste momento, o que está sendo chamado de liberdade de imprensa serve justamente para fraudar o processo político em curso. Sejamos francos, a Folha tem os documentos do processo. Certamente, não os perdeu. Deseja novas cópias para esquentar a matéria que, no ano passado, não colou.
Nem a revista Veja, que pediu cópia do mesmo processo, em 26 de fevereiro de 2010, por meio do repórter Luiz Otávio Bueno Cabral, teve coragem de prosseguir com a pretensão de violar a vida privada, a intimidade, a honra e a imagem da candidata Dilma.
Dentro de uma ideia de proporcionalidade e choque de interesses, todos protegidos pela Constituição Federal (liberdade de imprensa, dignidade da pessoa humana e liberdades individuais), neste momento, a nós parece que liberar para cópias um processo penal, cuja processada já foi anistiada, é subverter a Carta Maior. Depois de publicada a matéria, nenhuma Ação de Indenização será capaz de restabelecer não só a honra da candidata, mas o processo eleitoral que pode restar irremediavelmente viciado. Tais riscos, certamente, estão acima dos interesses INDIVIDUAIS da Folha.
Não cabe a Cautelar no STF
Do ponto de vista processual, a cautelar apresentada pela Folha não é cabível. E quem afirma isto é o próprio Supremo Tribunal Federal, em inúmeros julgados anteriores, que culminaram na edição das súmulas 634 e 635, as quais, expressamente, determinam, sucessivamente: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem” e “Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade”.
Ademais, o próprio recurso extraordinário apresentado pela Folha é completamente vazio de fundamento, eis que se opõe a pedido de vistas, regimentalmente previsto no STM. O mérito do mandado de segurança da Folha ainda não foi decidido. Haverá supressão de um grau de jurisdição se a cautelar pretendida pela Folha for concedida.
Qualquer medida cautelar necessita, para sua concessão, além de fumaça de um bom direito (e aqui não há nenhuma) do denominado perigo na demora. O caso em exame traz um pedido da Folha para ter acesso a fatos ocorridos há quarenta anos atrás, aos quais ela já teve acesso! Pior, são fatos, do ponto de vista do estado democrático de direito, não mais relevantes, visto que a eventual condenação foi objeto de anistia.
Conclusão
Entre fraudar o processo eleitoral e expor desnecessariamente a cidadã Dilma ou “dar um novo xerox” à Folha, não se podem ter dúvidas: preserva-se o processo democrático e a pessoa humana.
(*) Advogado. Mestre em Direito PUC/SP. Doutorando em Direito PUC/SP.
A Folha de São Paulo ajuizou em 25 de outubro de 2010 uma ação cautelar no Supremo Tribunal Federal (nº 2727), cuja intenção é obter o acesso às cópias do processo penal número 366/70, no Superior Tribunal Militar, em que foi ré a candidata Dilma Roussef. A Ação cautelar foi distribuída à Ministra Cármen Lúcia. Ao receber o processo, ela determinou que fosse ouvido o Presidente do Superior Tribunal Militar, bem como que a Folha juntasse cópias do recurso extraordinário que citava no corpo da petição inicial. Presidente do Superior Tribunal Militar e a Folha atenderam aos pedidos da Ministra e a cautelar, neste momento, está nas mãos dela e pode ser despachada a qualquer momento.
O que é um Amicus Curiae?
Em tradução literal, amicus curiae, é o amigo da Corte, o amigo do Tribunal. A figura tornou-se rotineira no sistema jurídico através da Lei 9.868/99, art. 7º, Parágrafo 2º (O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades).
Em uma medida cautelar como a que a Folha ingressou, o amicus curiae formal, dificilmente seria aceito, visto que a admissão dele estaria vinculada às Ações Direta de Inconstitucionalidade e Declaratória de Constitucionalidade. No entanto, um amigo da Corte, alguém que tenha interesse em informar o Tribunal e, porque não, a sociedade, pode fazê-lo fora dos autos. A Carta Maior (cujo nome é inspirado, justamente, na Constituição Federal do Brasil) abriu o espaço para que um amigo da Corte possa expor a verdadeira intenção da Folha, aliada à falta de fundamento legal de sua pretensão.
Desorganização ou má intenção?
A Folha está preocupada em informar o cidadão brasileiro sobre o que a candidata Dilma teria feito durante a ditadura militar. E tais informações, segundo alega, somente podem ser obtidas por meio do acesso aos arquivos que estão no Superior Tribunal Militar. A atuação da candidata Dilma durante a ditadura não pode ser medida por arquivos de um processo penal dirigido por quem a torturava. Qualquer informação que esteja contida nestes arquivos será parcial ou, mais provavelmente, mentirosa. Ademais, qualquer condenação que tenha sido imposta à candidata Dilma, por um Estado de Exceção, foi acobertada pela Lei da Anistia.
Mas a Folha está preocupada em informar o cidadão brasileiro, o que, além de louvável, não deixa de ser uma surpresa. Justo neste momento, a Folha resolveu colocar-se como defensora da liberdade de imprensa e reputa como de indiscutível interesse público informações contidas em um processo penal dirigido e com provas obtidas por criminosos. É evidente, no entanto, que ainda que haja mentiras, este documento tem algum valor histórico. E o acesso a ele deveria ser franqueado a todos, assim como todos os arquivos da época da ditadura deveriam ser abertos ao público, ante o seu conteúdo histórico.
Logo, teria a Folha razão em pedir, justo neste momento, o acesso aos autos? Não, por dois motivos: a) ela já extraiu cópias do processo, em 12 de Marco de 2009, por meio da jornalista Fernanda Odilla; b) não há interesse público algum em jogo, mas interesses individuais, seja da candidata Dilma ou da própria Folha.
A Folha, em 2009, produziu a matéria intitulada: “Grupo de Dilma planejava seqüestrar Delfim”. Esta matéria foi rechaçada, de forma veemente, pelo jornalista Antonio Roberto Espinosa. Isto é, quando teve acesso aos documentos do processo da candidata Dilma, a Folha já fez o que não deveria, produziu matéria jornalística desprezível.
Os interesses que movem a Folha, neste momento, ou há dois meses atrás (quando pediram as cópias, novamente, ao STM) não são públicos. A Folha deseja, como já o fez, elaborar matéria depreciativa, partindo de dados (que já tem!) produzidos por um procedimento ocorrido há quarenta anos atrás, instruído com elementos de prova produzidos por criminosos.
Interesses individuais foram argüidos pelo STM ao negar o novo acesso, no meio da campanha eleitoral. Entretanto, estes são os direitos mais caros aos cidadãos e que são os pilares de uma democracia: privacidade, dignidade da pessoa humana, honra e imagem. Ou um candidato à presidência da república não pode ter tais direitos preservados? Evidente que sim. A candidata Dilma é, antes, a pessoa humana Dilma.
Ela estava no Brasil, lutando pela democracia. Foi perseguida, presa, torturada e processada por seus algozes.
A Folha jamais poderá ter acesso a tais documentos? Estamos convencidos que o acesso deve ser franqueado sim, pois a Folha pode produzir a matéria que bem entender sobre a candidata Dilma ou qualquer outro candidato. Mas, neste momento, o que está sendo chamado de liberdade de imprensa serve justamente para fraudar o processo político em curso. Sejamos francos, a Folha tem os documentos do processo. Certamente, não os perdeu. Deseja novas cópias para esquentar a matéria que, no ano passado, não colou.
Nem a revista Veja, que pediu cópia do mesmo processo, em 26 de fevereiro de 2010, por meio do repórter Luiz Otávio Bueno Cabral, teve coragem de prosseguir com a pretensão de violar a vida privada, a intimidade, a honra e a imagem da candidata Dilma.
Dentro de uma ideia de proporcionalidade e choque de interesses, todos protegidos pela Constituição Federal (liberdade de imprensa, dignidade da pessoa humana e liberdades individuais), neste momento, a nós parece que liberar para cópias um processo penal, cuja processada já foi anistiada, é subverter a Carta Maior. Depois de publicada a matéria, nenhuma Ação de Indenização será capaz de restabelecer não só a honra da candidata, mas o processo eleitoral que pode restar irremediavelmente viciado. Tais riscos, certamente, estão acima dos interesses INDIVIDUAIS da Folha.
Não cabe a Cautelar no STF
Do ponto de vista processual, a cautelar apresentada pela Folha não é cabível. E quem afirma isto é o próprio Supremo Tribunal Federal, em inúmeros julgados anteriores, que culminaram na edição das súmulas 634 e 635, as quais, expressamente, determinam, sucessivamente: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem” e “Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade”.
Ademais, o próprio recurso extraordinário apresentado pela Folha é completamente vazio de fundamento, eis que se opõe a pedido de vistas, regimentalmente previsto no STM. O mérito do mandado de segurança da Folha ainda não foi decidido. Haverá supressão de um grau de jurisdição se a cautelar pretendida pela Folha for concedida.
Qualquer medida cautelar necessita, para sua concessão, além de fumaça de um bom direito (e aqui não há nenhuma) do denominado perigo na demora. O caso em exame traz um pedido da Folha para ter acesso a fatos ocorridos há quarenta anos atrás, aos quais ela já teve acesso! Pior, são fatos, do ponto de vista do estado democrático de direito, não mais relevantes, visto que a eventual condenação foi objeto de anistia.
Conclusão
Entre fraudar o processo eleitoral e expor desnecessariamente a cidadã Dilma ou “dar um novo xerox” à Folha, não se podem ter dúvidas: preserva-se o processo democrático e a pessoa humana.
(*) Advogado. Mestre em Direito PUC/SP. Doutorando em Direito PUC/SP.
O DEBATE DA GLOBO
Texto de Renata Lo Prete na Folha de São Paulo
inda que o antepenúltimo Datafolha da sucessão presidencial de 2010 tenha contribuído para tranquilizar integrantes da campanha de Dilma Rousseff - entre os quais havia, na véspera, quem genuinamente esperasse por uma redução da vantagem sobre José Serra -, a atitude petista hoje em nada lembra o excesso de confiança exibido na reta final do primeiro turno.
Mesmo com o quadro de estabilidade desenhado pela pesquisa, encontra-se, entre as vozes alinhadas com o governismo, até a opinião de que o debate da Rede Globo, amanhã à noite, poderá ser "decisivo".
Sério? Com 12 pontos de diferença pelo critério de votos válidos? Uma combinação de fatores explica esse surto de cautela.
Para começar, a zona de conforto de Dilma, embora razoável se considerado o curto intervalo de três dias daqui até a votação, não se compara à de Lula na mesma altura em 2002 (28 pontos sobre Serra) ou 2006 (22 sobre Geraldo Alckmin).
Existe ainda a necessidade de manter a tropa em estado de alerta.
O triunfalismo, antes adequado ao propósito de "criar um clima" para tentar liquidar a eleição pela via rápida, agora poderia desmobilizar a militância, tantas vezes valiosa para o PT na hora decisiva.
Acrescente-se a desconfiança que paira sobre as pesquisas em consequência dos erros cometidos no primeiro turno. Ela não atinge apenas o eleitor. Introduz um permanente "e se?" também na cabeça dos operadores da política.
Os levantamentos internos da campanha de Serra apontam Dilma à frente, porém bem mais próxima do tucano. A fotografia é semelhante à do GPP, historicamente ligado ao DEM, e diferente da apresentada pelos principais institutos.
É perfeitamente possível que estes últimos estejam certos - ou menos errados -, mas a dúvida sobrevive em razão de uma "verdade inconveniente": computadas tanto pesquisas feitas para divulgação quanto para consumo interno, os números apurados pela campanha de Serra foram os que mais se aproximaram do resultado do primeiro turno; os de Dilma superestimaram por larga margem sua dianteira.
Por fim, há a peculiaridade de uma disputa em que nenhum dos dois finalistas, sem prejuízo dos milhões de votos recebidos e a receber, conseguiu empolgar o eleitor.
Isso se reflete não somente no que ainda resta de indecisos (8%, segundo o Datafolha, contra 6% no mesmo momento de 2002 e 3% quatro anos atrás) mas também em fenômenos menos quantificáveis.
Nas "quális", mediadores se impressionam com a inconsistência da defesa tanto de Dilma quanto de Serra.
Não raro, participantes mudam de voto uma ou duas vezes na mesma sessão. A questão, no entender de quem acompanhou eleições anteriores, é a escassez de argumentos à disposição do eleitor.
Chama a atenção que Lula seja, até hoje, "o" atributo conferido a Dilma nos grupos. Quanto a Serra, que buscou ser aceito como "continuador", acabou confinado ao cercado que a força do presidente no eleitorado lhe impôs.
À diferença do que aconteceu nos dias anteriores ao primeiro turno, não há movimentação visível. Mas, num terreno assim pantanoso, não estranha que tenha gente enxergando jacaré embaixo da cama.
inda que o antepenúltimo Datafolha da sucessão presidencial de 2010 tenha contribuído para tranquilizar integrantes da campanha de Dilma Rousseff - entre os quais havia, na véspera, quem genuinamente esperasse por uma redução da vantagem sobre José Serra -, a atitude petista hoje em nada lembra o excesso de confiança exibido na reta final do primeiro turno.
Mesmo com o quadro de estabilidade desenhado pela pesquisa, encontra-se, entre as vozes alinhadas com o governismo, até a opinião de que o debate da Rede Globo, amanhã à noite, poderá ser "decisivo".
Sério? Com 12 pontos de diferença pelo critério de votos válidos? Uma combinação de fatores explica esse surto de cautela.
Para começar, a zona de conforto de Dilma, embora razoável se considerado o curto intervalo de três dias daqui até a votação, não se compara à de Lula na mesma altura em 2002 (28 pontos sobre Serra) ou 2006 (22 sobre Geraldo Alckmin).
Existe ainda a necessidade de manter a tropa em estado de alerta.
O triunfalismo, antes adequado ao propósito de "criar um clima" para tentar liquidar a eleição pela via rápida, agora poderia desmobilizar a militância, tantas vezes valiosa para o PT na hora decisiva.
Acrescente-se a desconfiança que paira sobre as pesquisas em consequência dos erros cometidos no primeiro turno. Ela não atinge apenas o eleitor. Introduz um permanente "e se?" também na cabeça dos operadores da política.
Os levantamentos internos da campanha de Serra apontam Dilma à frente, porém bem mais próxima do tucano. A fotografia é semelhante à do GPP, historicamente ligado ao DEM, e diferente da apresentada pelos principais institutos.
É perfeitamente possível que estes últimos estejam certos - ou menos errados -, mas a dúvida sobrevive em razão de uma "verdade inconveniente": computadas tanto pesquisas feitas para divulgação quanto para consumo interno, os números apurados pela campanha de Serra foram os que mais se aproximaram do resultado do primeiro turno; os de Dilma superestimaram por larga margem sua dianteira.
Por fim, há a peculiaridade de uma disputa em que nenhum dos dois finalistas, sem prejuízo dos milhões de votos recebidos e a receber, conseguiu empolgar o eleitor.
Isso se reflete não somente no que ainda resta de indecisos (8%, segundo o Datafolha, contra 6% no mesmo momento de 2002 e 3% quatro anos atrás) mas também em fenômenos menos quantificáveis.
Nas "quális", mediadores se impressionam com a inconsistência da defesa tanto de Dilma quanto de Serra.
Não raro, participantes mudam de voto uma ou duas vezes na mesma sessão. A questão, no entender de quem acompanhou eleições anteriores, é a escassez de argumentos à disposição do eleitor.
Chama a atenção que Lula seja, até hoje, "o" atributo conferido a Dilma nos grupos. Quanto a Serra, que buscou ser aceito como "continuador", acabou confinado ao cercado que a força do presidente no eleitorado lhe impôs.
À diferença do que aconteceu nos dias anteriores ao primeiro turno, não há movimentação visível. Mas, num terreno assim pantanoso, não estranha que tenha gente enxergando jacaré embaixo da cama.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
FICHA LIMPA
O ministro Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), votou há pouco contra a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa.
Com o voto dele, o placar fiou empatado em 5 a 5. Desde a aposentadoria de Eros Graus, realizada em agosto deste ano, o Supremo conta apenas com 10 ministros.
Depois de uma acalorado debate, resolveram utilizar o regimento interno e declarar que, em razão do empate, valerá o entendimento do TSE que é o da aplicação imediata da lei.
Com isso Jader Barbalho, tornou-se inelegível.
A decisão vale, por enquanto, apenas para os casos de renúncia.
Com o voto dele, o placar fiou empatado em 5 a 5. Desde a aposentadoria de Eros Graus, realizada em agosto deste ano, o Supremo conta apenas com 10 ministros.
Depois de uma acalorado debate, resolveram utilizar o regimento interno e declarar que, em razão do empate, valerá o entendimento do TSE que é o da aplicação imediata da lei.
Com isso Jader Barbalho, tornou-se inelegível.
A decisão vale, por enquanto, apenas para os casos de renúncia.
PMDB FELIZ
Caso Dila se eleja, bombardeada como está sendo, mais precisará do PMDB e de sua força no congresso, para governar. Michel Temer, está sorrindo de faceiro.
FILIAÇÃO AO PT
As informações correm longe. Hoje recebi telefonema do querido amigo e jornalista Vinicius Severo, do Jornal do Povo, me questionando sobre uma filiação ao PT.
Coloquei a ele que não recebi nenhum convite oficial da executica municipal, em Cachoeira do Sul. Apenas sondagens de antigos companheiros de movimento estudantil, filiados ao PT e que hoje ocupam posições estratégicas no novo governo estadual. Assim como de outros partidos de esquerda, o que me deixou muito orgulhoso. Apenas isso.
Coloquei a ele que não recebi nenhum convite oficial da executica municipal, em Cachoeira do Sul. Apenas sondagens de antigos companheiros de movimento estudantil, filiados ao PT e que hoje ocupam posições estratégicas no novo governo estadual. Assim como de outros partidos de esquerda, o que me deixou muito orgulhoso. Apenas isso.
CIRO SIMONI
Fonte da mais alta confiança, me disse que se o PDT entrar para o governo Tarso, a saúde ficará para o partido, demonstrando-se com isso a importância que o PT dará ao novo aliado. No entanto, setores do PDT, se mostram resistentes a esta aproximação. O nome cotado para a saúde é de Ciro Simoni, abrindo com isso, a vaga para Marlon Santos.
PESQUISA SENSUS
Pesquisa Sensus divulgada nesta quarta-feira (27), aponta a candidata do PT, Dilma Rousseff com 51,9% das intenções de voto contra 36,7% do tucano José Serra. Brancos e nulos totalizaram 4,7% e indecisos, 6,8%.
Na análise apenas dos votos válidos (que excluem nulos e brancos), Dilma ficou com 58,6% ante 41,4% de Serra. A margem de erro é de 2, 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Leia também
* Veja a evolução dos presidenciáveis na pesquisa CNT/Sensus
* No RS, Serra compara campanha de Dilma a nazismo
* Na Bahia, Dilma diz que Serra promove ódio por falta de projeto e pede "axé"
Na pesquisa espontânea, em que os candidatos não são identificados aos entrevistados, Dilma teve 50,4% das intenções de votos e Serra obteve 35,7%. Outros nomes citados pontuaram 0,3% e o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ainda foi citado por 0,2% dos entrevistados. Os votos brancos e nulos somaram 4,6% e os que não sabem ou não responderam correspondem a 8,9%.
Na avaliação do presidente da CNT, Clésio Andrade, a retomada de Dilma nas pesquisas se deve à mudança na discussão entre os candidatos nos últimos dias. “A discussão de valores, como o aborto, perdeu força e voltou a discussão de propostas. Dilma ganhou vantagem com isso”, afirmou.
Realizada entre os dias 23 e 25 de outubro, a pesquisa entrevistou 2.000 eleitores em 24 Estados, com sorteio aleatório de 136 municípios, e foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número 37609/2010, no dia 20 de outubro.
Rejeição e expectativa de vitória
Com relação ao índice de rejeição, Serra tem 43% ante 32,5% da ex-ministra-chefe da Casa Civil.
“Essa é a maior rejeição de Serra desde o início da pesquisa deste pleito”, destacou Clésio Andrade, ao comparar o número com o levantamento da CNT/Sensus feito entre 11 e 13 de outubro, quando a rejeição de Serra era de 37,5% contra 35,4% da petista.
Questionados sobre a expectativa de vitória, 69,7% dos entrevistados disseram acreditar que a candidata petista ganharia a eleição presidencial. contra 22,3% acreditam que o tucano seria o vencedor do segundo turno. Indecisos somam 8,1%.
Com relação ao levantamento feito entre os dias 11 e 13, a expectativa de vitória de Dilma aumentou quase 10 pontos percentuais (era de 59,6%) enquanto a do tucano apresentou queda (era 29%), assim como o número de indecisos, que era de 11,4%.
Como a pesquisa foi realizada entre sábado (23) e segunda (25), a repercussão do mais recente debate televisivo entre os presidenciáveis, promovido pela Rede Record no último domingo, não foi medido.
Votos por região
Em comparação com o levantamento da CNT/Sensus feito entre os dias 18 e 19 de outubro e divulgado no último dia 20, a candidata Dilma Rousseff apresentou aumento na expectativa de votos em todas as regiões do país, com exceção do Sul, onde o tucano José Serra ainda mantém a liderança.
No Norte e Centro-Oeste, que representam 15,1% do eleitorado, a petista obteve 50,7% das intenções de voto contra 40,4% de Serra. No levantamento anterior, a ex-ministra tinha 42,1% contra 52,6% do tucano.
No Nordeste, onde estão 28% do eleitores, Dilma aparece com 66, 3% e Serra com 25,5%. Na avaliação anterior, Dilma tinha 57,5% e Serra, 34,8%.
No Sudeste, onde que concentra 42,4% do eleitorado, a candidata recebeu 48,4% das intenções de votos ante 36,7% de Serra. Na pesquisa passada, Dilma tinha 44,2% e Serra, 41,6%.
E no Sul, que possui 14,6% dos eleitores, o candidato do PSDB cresceu mais: passou de 45,1% para 54%, enquanto a petista caiu de 38,2% para 35,4%.
Na análise apenas dos votos válidos (que excluem nulos e brancos), Dilma ficou com 58,6% ante 41,4% de Serra. A margem de erro é de 2, 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
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* Veja a evolução dos presidenciáveis na pesquisa CNT/Sensus
* No RS, Serra compara campanha de Dilma a nazismo
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Na pesquisa espontânea, em que os candidatos não são identificados aos entrevistados, Dilma teve 50,4% das intenções de votos e Serra obteve 35,7%. Outros nomes citados pontuaram 0,3% e o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ainda foi citado por 0,2% dos entrevistados. Os votos brancos e nulos somaram 4,6% e os que não sabem ou não responderam correspondem a 8,9%.
Na avaliação do presidente da CNT, Clésio Andrade, a retomada de Dilma nas pesquisas se deve à mudança na discussão entre os candidatos nos últimos dias. “A discussão de valores, como o aborto, perdeu força e voltou a discussão de propostas. Dilma ganhou vantagem com isso”, afirmou.
Realizada entre os dias 23 e 25 de outubro, a pesquisa entrevistou 2.000 eleitores em 24 Estados, com sorteio aleatório de 136 municípios, e foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número 37609/2010, no dia 20 de outubro.
Rejeição e expectativa de vitória
Com relação ao índice de rejeição, Serra tem 43% ante 32,5% da ex-ministra-chefe da Casa Civil.
“Essa é a maior rejeição de Serra desde o início da pesquisa deste pleito”, destacou Clésio Andrade, ao comparar o número com o levantamento da CNT/Sensus feito entre 11 e 13 de outubro, quando a rejeição de Serra era de 37,5% contra 35,4% da petista.
Questionados sobre a expectativa de vitória, 69,7% dos entrevistados disseram acreditar que a candidata petista ganharia a eleição presidencial. contra 22,3% acreditam que o tucano seria o vencedor do segundo turno. Indecisos somam 8,1%.
Com relação ao levantamento feito entre os dias 11 e 13, a expectativa de vitória de Dilma aumentou quase 10 pontos percentuais (era de 59,6%) enquanto a do tucano apresentou queda (era 29%), assim como o número de indecisos, que era de 11,4%.
Como a pesquisa foi realizada entre sábado (23) e segunda (25), a repercussão do mais recente debate televisivo entre os presidenciáveis, promovido pela Rede Record no último domingo, não foi medido.
Votos por região
Em comparação com o levantamento da CNT/Sensus feito entre os dias 18 e 19 de outubro e divulgado no último dia 20, a candidata Dilma Rousseff apresentou aumento na expectativa de votos em todas as regiões do país, com exceção do Sul, onde o tucano José Serra ainda mantém a liderança.
No Norte e Centro-Oeste, que representam 15,1% do eleitorado, a petista obteve 50,7% das intenções de voto contra 40,4% de Serra. No levantamento anterior, a ex-ministra tinha 42,1% contra 52,6% do tucano.
No Nordeste, onde estão 28% do eleitores, Dilma aparece com 66, 3% e Serra com 25,5%. Na avaliação anterior, Dilma tinha 57,5% e Serra, 34,8%.
No Sudeste, onde que concentra 42,4% do eleitorado, a candidata recebeu 48,4% das intenções de votos ante 36,7% de Serra. Na pesquisa passada, Dilma tinha 44,2% e Serra, 41,6%.
E no Sul, que possui 14,6% dos eleitores, o candidato do PSDB cresceu mais: passou de 45,1% para 54%, enquanto a petista caiu de 38,2% para 35,4%.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
PESQUISA VOX DESSA SEGUNDA
Pesquisa Vox Populi/iG publicada nesta segunda-feira mostra que, a menos de uma semana das eleições, a candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, mantém a dianteira sobre o tucano José Serra na corrida presidencial.
A ex-ministra da Casa Civil oscilou dois pontos para baixo em relação ao levantamento realizado pelo instituto entre os dias 15 e 17 de outubro e agora conta com 49% das intenções de voto. Com isso, ela tem uma vantagem de 11 pontos sobre Serra, que perdeu um ponto e aparece com 38%.
O número de eleitores que pretendem votar nulo ou em branco ainda é de 6% - mesmo índice contabilizado na última pesquisa. O Vox Populi apontou, no entanto, aumento do número de eleitores indecisos ou que não responderam ao questionário: de 4% para 7%.
Considerando-se apenas os votos válidos, Dilma seria eleita com 57% contra 43% de Serra. De acordo com esse critério, a distância entre os dois candidatos é de 14 pontos, igual à apontada pelo último levantamento. Ainda assim, 88% dos eleitores ainda afirma, porém, que já tem certeza da decisão tomada.
A ex-ministra da Casa Civil oscilou dois pontos para baixo em relação ao levantamento realizado pelo instituto entre os dias 15 e 17 de outubro e agora conta com 49% das intenções de voto. Com isso, ela tem uma vantagem de 11 pontos sobre Serra, que perdeu um ponto e aparece com 38%.
O número de eleitores que pretendem votar nulo ou em branco ainda é de 6% - mesmo índice contabilizado na última pesquisa. O Vox Populi apontou, no entanto, aumento do número de eleitores indecisos ou que não responderam ao questionário: de 4% para 7%.
Considerando-se apenas os votos válidos, Dilma seria eleita com 57% contra 43% de Serra. De acordo com esse critério, a distância entre os dois candidatos é de 14 pontos, igual à apontada pelo último levantamento. Ainda assim, 88% dos eleitores ainda afirma, porém, que já tem certeza da decisão tomada.
COLUNA DE SEGUNDA NO JORNAL DO POVO
ESCREVI E ASSINO EMBAIXO
Continuam os e-mails ofensivos e anônimos que tenho recebido por ter aberto o voto para Dima. Pura bobagem. As pessoas deveriam identificar-se e escrever ao colunista contrariada com a sua posição, estabelecendo um debate. Apenas isso. Claro que a culpa em parte é minha. Mas quem me conhece há mais tempo, sabe, por exemplo, que sempre votei em Lula para presidente. A começar em 89. E não me arrependi. Essa foi a primeira vez que não votei nele, por razões mais do que óbvias. No entanto, isso nunca me furtou de criticar o PT, Lula e os demais, quando achei necessário. E o mesmo acontecerá com a Dilma, se ela vencer. É assim que se procede, quando se tem um espaço nobre como esse. Temos o ônus e o bônus.
BETO GRILL
Hoje tem almoço com o vice-governador eleito Beto Grill (PSB). Agradeço os diversos convites recebidos, em especial dos vereadores Neiron Viegas e Mariana Carlos. Farei o possível para estar presente e ouvir o que o ex-deputado e ex-prefeito de São Lourenço do Sul e Cristal, têm a nos dizer.
ONDE DILMA VAI GANHAR E ONDE VAI PERDER
Dilma terá uma vitória esmagadora em pelo menos quatro estados do NE (MA, CE, PE e BA), no Amazonas e no RJ. Com esse último, enfraquecem as chances de Serra de virar. Mas eleição é eleição. Perde em SP. E em Minas, as pesquisas já apontam empate. E no sul, Serra deve fazer uma boa diferença. É eleição apertada. Ainda mais que os institutos de pesquisa, derradeiramente, deixaram de ser confiáveis.
A BOLINHA DE PAPEL
Está no meu blog toda a estória da bolinha de papel e da agressão sofrida pelo candidato. Errou feio quando tentou capitalizar. O que Serra ganhou com isso? Que a militância petista e anti-obscurantista se unisse e fosse para as ruas. A onda vermelha já tomou conta de Porto Alegre. De novo.
POPULARIDADE DE LULA
Hoje, segundo o DATAFOLHA, apenas 3% da população reprova o governo Lula. Isso depois de oito anos e alguns escândalos. Este é um fenômeno que precisamos estudar sem paixões e com muita racionalidade.
MARLON, PDT E DILMA
Nem todo o PDT está com Dilma. Mas isso é mais do que natural. O que não pode acontecer são pessoas próximas do ex-prefeito dizendo por aí que são Serra acima de tudo. E o que é pior: apoiando o escancaradamente o tucano. Com isso a opção, do ex-prefeito, pode perder a força que se deseja.
O QUE FARÁ GG?
A vontade de GG é casar de véu e grinalda com o PT. Ainda mais depois da vitória de Tarso e a possível vitória de Dilma. O que lhe impede isso? A resistência de sua esposa, que apóia Serra e é anti-petista assumida, assim como o seu próprio partido. Some-se a isso, a idéia do vice em assumir a saúde e só depois se filiar no PP. Nessa ordem.
SECRETARIADO
Já havia comentado no final do ano passado. Comento de novo. Está mais do que na hora de GG reformar seu secretariado e se adequar à nova conjuntura política que está a se delinear. Ou rompe com o PT ou coloca secretários afinados ao novo discurso O que não dá para conceber, é que sua equipe seja serrista e só ele e Tonet, dilmistas (será?). Ou isso, ou café, a partir do ano que vem, passa a ficar frio.
GRE-NAL
Grêmio não conseguiu transformar em gols a sua superioridade, em quase sessenta minutos de jogo. Num único lance, o Inter mudou a estória da partida: pênalti e expulsão. Mostra que o time está bem e vai chegar sim, na final do campeonato mundial mais vivo e esperto do que nunca.
JORNAL DO POVO
O JP tem tratado o tema eleições com imparcialidade. O equilíbrio do editorial e das matérias demonstra que se pode sim, fazer cobertura política com seriedade. Serve de exemplo aos jornalões do centro do país. Parabéns a toda a equipe.
domingo, 24 de outubro de 2010
FOLHA DE SÃO PAULO QUER ACESSO AO PASSADO DE DILMA
A Folha de S.Paulo anunciou na edição deste sábado 23 – pág. A11 – que protocolou uma ação cautelar no Supremo Tribunal Federal (STF) para que tenha acesso ao processo que levou Dilma Rousseff à prisão da ditadura militar em 1970.
Antes, o jornal encaminhou o pedido junto ao Supremo Tribunal Militar (STM), mas o órgão suspendeu o julgamento por duas vezes. A Folha recorre agora ao STF porque tem pressa. Ela justifica a urgência dizendo que o conhecimento do caso é “atualidade do interesse público”. Continua: “já que a candidata pode se tornar a próxima presidente”. E arremata: “para os leitores conhecerem o passado de Dilma”.
É estranha esta ação do jornal. Todo Brasil já sabe que Dilma Rousseff ficou presa durante mais de dois anos nas masmorras da ditadura. Que foi barbaramente torturada e que pertencia a uma organização guerrilheira chamada VAR – Palmares. Já lemos inúmeras matérias com declarações de seus ex-companheiros de luta e até de ex-carcereiros.
O jornal FSP esta querendo reescrever a historia, simplesmente.É o mesmo que solicitar os processos de Tiradentes, Feijó, Manoel Beckman e outros que foram condenados por provas produzidas pela Ditadura, Monarquia e Coroa portuguesa.
Nada mais justo, houve o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditorio; as provas realmente não foram forjadas.
Isso tudo, as vésperas de uma eleição.
Antes, o jornal encaminhou o pedido junto ao Supremo Tribunal Militar (STM), mas o órgão suspendeu o julgamento por duas vezes. A Folha recorre agora ao STF porque tem pressa. Ela justifica a urgência dizendo que o conhecimento do caso é “atualidade do interesse público”. Continua: “já que a candidata pode se tornar a próxima presidente”. E arremata: “para os leitores conhecerem o passado de Dilma”.
É estranha esta ação do jornal. Todo Brasil já sabe que Dilma Rousseff ficou presa durante mais de dois anos nas masmorras da ditadura. Que foi barbaramente torturada e que pertencia a uma organização guerrilheira chamada VAR – Palmares. Já lemos inúmeras matérias com declarações de seus ex-companheiros de luta e até de ex-carcereiros.
O jornal FSP esta querendo reescrever a historia, simplesmente.É o mesmo que solicitar os processos de Tiradentes, Feijó, Manoel Beckman e outros que foram condenados por provas produzidas pela Ditadura, Monarquia e Coroa portuguesa.
Nada mais justo, houve o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditorio; as provas realmente não foram forjadas.
Isso tudo, as vésperas de uma eleição.
sábado, 23 de outubro de 2010
QUEM IRÁ PERDER ESTA ELEIÇÃO?
Ganhe quem ganhar a Presidência da República no próximo dia 31, já dá para saber quais foram os grandes derrotados desta inacreditável campanha eleitoral de 2010: a imprensa da velha mídia, mais engajada e sem pudor do que nunca, e as igrejas em geral, com amplos setores medievais de evangélicos e católicos transformando templos em palanques e colocando a religião a soldo da política.
Por acaso, são as mesmas instituições que se uniram em 1964 para derrubar o governo de João Goulart e jogar o Brasil nas profundezas da ditadura militar por mais de duas décadas. Como naquela época, os celerados e ensandecidos combatentes das redações e dos púlpitos acenam com novas ameaças às liberdades democráticas, outra vez o perigo vermelho, de novo a degradação dos costumes. Só falta uma nova “Marcha da Família, com Deus pela Liberdade”.
Por acaso, são as mesmas instituições que se uniram em 1964 para derrubar o governo de João Goulart e jogar o Brasil nas profundezas da ditadura militar por mais de duas décadas. Como naquela época, os celerados e ensandecidos combatentes das redações e dos púlpitos acenam com novas ameaças às liberdades democráticas, outra vez o perigo vermelho, de novo a degradação dos costumes. Só falta uma nova “Marcha da Família, com Deus pela Liberdade”.
MAIS UMA DO KOTSCHO
Em meio aos números sobre a corrida presidencial divulgados pelo novo Datafolha na noite desta quinta-feira, com Dilma 12 pontos à frente de Serra (56 a 44) nos votos válidos, confirmando as pesquisas anteriores do Ibope e do Vox Populi, o instituto mostra também que o presidente Lula bateu seu próprio recorde mais uma vez, atingindo 82% a avaliação positiva de “ótimo/bom”.
“Esta é também a melhor marca já apurada pelo Datafolha para todos os presidentes civis desde 1985″, constata a Folha. Na outra ponta, o contingente dos brasileiros que avaliam Lula como “ruim/péssimo” caiu para 3%, o menor já registrado desde a posse do presidente, em 2003.
A popularidade dos presidentes costuma cair à medida em que que se aproxima o final dos seus mandatos, mas com Lula está acontecendo exatamente o contrário: a avaliação positiva não para de subir e a negativa cai a índices irrisórios.
Meses atrás, registrei aqui uma curiosidade: enquanto variavam os índices de avaliação positiva do presidente de um instituto para outro, o dos que desaprovavam o governo ficava sempre na marca dos 5%. Por mero instinto de repórter, escrevi que gostaria de saber quem são e o que pensam estes brasileiros.
Cheguei a sugerir que se investigasse (no sentido científico de pesquisar, claro, não no policial, como alguns entenderam) onde vivem, a que categorias sociais pertencem, as faixas etárias e níveis de escolaridade. Diante de tamanha aprovação do governo, esta turma do contra parecia-me um grupo meio exótico, apenas isso.
Teve um bobalhão que me acusou de estar querendo identificar, fichar e mandar esfolar e prender os que se opõem ao governo, como faziam os nazistas, imaginem! _ e teve gente que acreditou… Recebi uma enxurrada de mensagens me esculhambando e outros blogueiros da mesma laia disseminaram a sandice pela blogosfera.
Não tem jeito, não tem volta. Querer explicar qualquer coisa publicada na grande rede é como jogar papel picado pela janela num dia de muito vento e sair correndo atrás para pegar tudo de volta.
O fato é que nos meses seguintes, o índice de “ruim/péssimo” de Lula se estabilizou em 4%, e agora caiu mais um ponto. Em duas manchetes de página (A6 e A7) a Folha atribui a esta estratosférica aprovação de Lula, a pouco pouco mais de dois meses do final do seu governo, o crescimento da vantagem de Dilma na última pesquisa:
“Popularidade de Lula e Nordeste alavancam Dilma”
“Lula, pobres e NE contam história da eleição” (texto assinado pelo colunista Vinicius Torres Freire).
Se realmente a aprovação de Lula constitui um fator decisivo nesta eleição, como diz a Folha, e se as pesquisas estiverem certas, dificilmente este cenário vai mudar nos oito dias que faltam para irmos às urnas.
“Esta é também a melhor marca já apurada pelo Datafolha para todos os presidentes civis desde 1985″, constata a Folha. Na outra ponta, o contingente dos brasileiros que avaliam Lula como “ruim/péssimo” caiu para 3%, o menor já registrado desde a posse do presidente, em 2003.
A popularidade dos presidentes costuma cair à medida em que que se aproxima o final dos seus mandatos, mas com Lula está acontecendo exatamente o contrário: a avaliação positiva não para de subir e a negativa cai a índices irrisórios.
Meses atrás, registrei aqui uma curiosidade: enquanto variavam os índices de avaliação positiva do presidente de um instituto para outro, o dos que desaprovavam o governo ficava sempre na marca dos 5%. Por mero instinto de repórter, escrevi que gostaria de saber quem são e o que pensam estes brasileiros.
Cheguei a sugerir que se investigasse (no sentido científico de pesquisar, claro, não no policial, como alguns entenderam) onde vivem, a que categorias sociais pertencem, as faixas etárias e níveis de escolaridade. Diante de tamanha aprovação do governo, esta turma do contra parecia-me um grupo meio exótico, apenas isso.
Teve um bobalhão que me acusou de estar querendo identificar, fichar e mandar esfolar e prender os que se opõem ao governo, como faziam os nazistas, imaginem! _ e teve gente que acreditou… Recebi uma enxurrada de mensagens me esculhambando e outros blogueiros da mesma laia disseminaram a sandice pela blogosfera.
Não tem jeito, não tem volta. Querer explicar qualquer coisa publicada na grande rede é como jogar papel picado pela janela num dia de muito vento e sair correndo atrás para pegar tudo de volta.
O fato é que nos meses seguintes, o índice de “ruim/péssimo” de Lula se estabilizou em 4%, e agora caiu mais um ponto. Em duas manchetes de página (A6 e A7) a Folha atribui a esta estratosférica aprovação de Lula, a pouco pouco mais de dois meses do final do seu governo, o crescimento da vantagem de Dilma na última pesquisa:
“Popularidade de Lula e Nordeste alavancam Dilma”
“Lula, pobres e NE contam história da eleição” (texto assinado pelo colunista Vinicius Torres Freire).
Se realmente a aprovação de Lula constitui um fator decisivo nesta eleição, como diz a Folha, e se as pesquisas estiverem certas, dificilmente este cenário vai mudar nos oito dias que faltam para irmos às urnas.
O AMIGO DO SERRA
Nos últimos dias, integrantes do PSDB voltaram a fazer contorcionismos verbais na tentativa de reduzir a importância do engenheiro e ex-diretor do Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto (foto acima), personagem revelado em agosto por ISTOÉ que tem trazido constrangimento para a campanha do candidato tucano à Presidência, José Serra. Até agora, era sabido que Paulo Preto, além de ex-diretor da estatal responsável pelas principais obras viárias de São Paulo, virou alvo de acusações de líderes do PSDB porque teria dado sumiço em R$ 4 milhões arrecadados de forma desconhecida para a campanha tucana.
Sentindo-se abandonado, depois que o candidato do PSDB ao Planalto negou conhecê-lo, Paulo Preto fez ameaças públicas e passou a ser defendido por Serra. Todo esse enredo já seria suficiente para mostrar a influência do engenheiro, cuja força a campanha do PSDB insiste em tentar diminuir. Mas os bastidores da prisão de Paulo Preto, há quatro meses, por receptação de joia roubada, são ainda mais reveladores do peso do ex-diretor do Dersa nas hostes tucanas.
O engenheiro foi preso em flagrante no dia 12 de junho, na loja de artigos de luxo Gucci, dentro do Shopping Iguatemi, no momento em que negociava ilegalmente um bracelete de brilhantes avaliado em R$ 20 mil. Detido pela polícia, Paulo Preto foi encaminhado ao 15° DP, localizado no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo. Por coincidência, estava na delegacia naquele momento, registrando uma ocorrência, o deputado Celso Russomano (PP-SP).
Ali ele presenciou uma cena pouco usual. A delegada titular do distrito, Nilze Baptista Scapulattielo, conforme Russomano contou a ISTOÉ, foi pressionada por autoridades da Polícia Civil e do governo de São Paulo para livrar o engenheiro da prisão. "Ela recebeu ligação do Aloysio (Nunes Ferreira, ex-chefe da Casa Civil), do delegado-geral, do delegado do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), isso tudo na minha frente, para aliviar o Paulo Preto. A pressão era para não prendê-lo em flagrante delito", disse Russomano.
Ou seja, dois meses depois de ter sido demitido da Dersa, o ex-diretor ainda era tratado com privilégios por membros da cúpula do governo paulista. Para defendê-lo, foram capazes até de agir ao arrepio da lei, que deveria valer de maneira igualitária para todos. Mas as pressões não foram suficientes para tirar do prumo a delegada, que cumpriu suas obrigações profissionais. Nilze Baptista é conhecida no meio policial pela competência e pulso forte.
Além de prender Paulo Preto, enquadrou o engenheiro como receptador de joia roubada. No boletim de ocorrência, Nilze Baptista disse que, durante a detenção, foram encontrados R$ 2.742 na calça e R$ 8.500 no bolso da jaqueta bege de Paulo Vieira de Souza. Escapou-lhe, porém, um pequeno detalhe que joga um ingrediente ainda mais peculiar no episódio. "Quando Paulo Preto foi flagrado pela polícia, também havia dinheiro nas meias", revela Russomano. Durante a ação policial, os agentes ainda apreenderam com Paulo Preto um veículo esportivo de luxo BMW Z4 2009/2010, avaliado em R$ 250 mil. Horas depois, o veículo foi liberado. Já o engenheiro passou dois dias no xadrez.
Em breve, Paulo Preto também poderá ter de se explicar por suas estripulias na esfera administrativa. Ao rejeitar as acusações sobre a suposta atividade de arrecadador informal do PSDB, o engenheiro estufa o peito para falar de suas qualidades de administrador probo e eficiente. Mas diversas ações abertas pelo Ministério Público de São Paulo desde 2008, para investigar problemas em contratos do Dersa, sugerem um quadro bem diferente do que pinta o ex-diretor.
Há, por exemplo, sete investigações em curso sobre irregularidades e superfaturamento no pagamento das indenizações de desapropriação de imóveis para obras, como o trecho sul do rodoanel. Os promotores também apuram eventual prejuízo ao erário na execução do contrato firmado com o consórcio responsável pela mesma obra, tanto na “metodologia empregada para a construção de pontes” como no “emprego de material diverso do ajustado”. O trecho sul do rodoanel custou aos cofres públicos R$ 5 bilhões.
Apesar das evidências envolvendo Paulo Preto, o PSDB e José Serra continuam a tratar o tema como um assunto de pouca importância. Embora tenha nomeado uma das filhas do ex-diretor do Dersa, Tatiana Arana Souza Cremonini, para cargo de confiança, no mês em que assumiu o governo de São Paulo, Serra disse que não teve responsabilidade pela contratação quando foi questionado sobre o indício de “nepotismo” em entrevista ao “Jornal Nacional” na terça-feira 19.
Tatiana trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, com salário de R$ 4.595 e, segundo fontes ouvidas por ISTOÉ, era vista com frequência ao lado do então governador. Hoje, Tatiana está de férias. “Essa menina foi contratada – eu não a conhecia, não foi diretamente por mim – para trabalhar no cerimonial que faz recepções, que cuida de solenidades e tudo mais. Sempre trabalhou corretamente. Inclusive eu só vim a saber que era filha de um diretor de uma empresa muito tempo depois”, afirmou o tucano. Durante sua gestão à frente da Prefeitura de São Paulo, Serra contratou a mesma filha de Paulo Preto para um cargo de confiança na SPTuris.
As últimas revelações levaram os líderes do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo a pedir a abertura de uma CPI para apurar o caso. Em Brasília, os petistas, com o apoio de parlamentares do PDT, agiram em outra frente. Na terça-feira 19, protocolaram na Procuradoria-Geral da República representações pedindo a investigação de denúncias.
A representação do PT é assinada pelos deputados Cândido Vaccarezza (SP), líder do governo na Câmara, e por Fernando Ferro (PE), líder do PT. “Ele (Paulo Preto) é réu confesso. Depois das informações sobre o sumiço do dinheiro arrecadado para a campanha, ele deu entrevista dizendo que ninguém deu mais condições de as empresas apoiarem a campanha. Além disso, há sinais claros de enriquecimento ilícito, por isso pedimos a investigação dos fatos e das confissões feitas por Paulo Vieira. É dinheiro público, há evidência de corrupção”, afirmou Vaccarezza
Sentindo-se abandonado, depois que o candidato do PSDB ao Planalto negou conhecê-lo, Paulo Preto fez ameaças públicas e passou a ser defendido por Serra. Todo esse enredo já seria suficiente para mostrar a influência do engenheiro, cuja força a campanha do PSDB insiste em tentar diminuir. Mas os bastidores da prisão de Paulo Preto, há quatro meses, por receptação de joia roubada, são ainda mais reveladores do peso do ex-diretor do Dersa nas hostes tucanas.
O engenheiro foi preso em flagrante no dia 12 de junho, na loja de artigos de luxo Gucci, dentro do Shopping Iguatemi, no momento em que negociava ilegalmente um bracelete de brilhantes avaliado em R$ 20 mil. Detido pela polícia, Paulo Preto foi encaminhado ao 15° DP, localizado no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo. Por coincidência, estava na delegacia naquele momento, registrando uma ocorrência, o deputado Celso Russomano (PP-SP).
Ali ele presenciou uma cena pouco usual. A delegada titular do distrito, Nilze Baptista Scapulattielo, conforme Russomano contou a ISTOÉ, foi pressionada por autoridades da Polícia Civil e do governo de São Paulo para livrar o engenheiro da prisão. "Ela recebeu ligação do Aloysio (Nunes Ferreira, ex-chefe da Casa Civil), do delegado-geral, do delegado do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), isso tudo na minha frente, para aliviar o Paulo Preto. A pressão era para não prendê-lo em flagrante delito", disse Russomano.
Ou seja, dois meses depois de ter sido demitido da Dersa, o ex-diretor ainda era tratado com privilégios por membros da cúpula do governo paulista. Para defendê-lo, foram capazes até de agir ao arrepio da lei, que deveria valer de maneira igualitária para todos. Mas as pressões não foram suficientes para tirar do prumo a delegada, que cumpriu suas obrigações profissionais. Nilze Baptista é conhecida no meio policial pela competência e pulso forte.
Além de prender Paulo Preto, enquadrou o engenheiro como receptador de joia roubada. No boletim de ocorrência, Nilze Baptista disse que, durante a detenção, foram encontrados R$ 2.742 na calça e R$ 8.500 no bolso da jaqueta bege de Paulo Vieira de Souza. Escapou-lhe, porém, um pequeno detalhe que joga um ingrediente ainda mais peculiar no episódio. "Quando Paulo Preto foi flagrado pela polícia, também havia dinheiro nas meias", revela Russomano. Durante a ação policial, os agentes ainda apreenderam com Paulo Preto um veículo esportivo de luxo BMW Z4 2009/2010, avaliado em R$ 250 mil. Horas depois, o veículo foi liberado. Já o engenheiro passou dois dias no xadrez.
Em breve, Paulo Preto também poderá ter de se explicar por suas estripulias na esfera administrativa. Ao rejeitar as acusações sobre a suposta atividade de arrecadador informal do PSDB, o engenheiro estufa o peito para falar de suas qualidades de administrador probo e eficiente. Mas diversas ações abertas pelo Ministério Público de São Paulo desde 2008, para investigar problemas em contratos do Dersa, sugerem um quadro bem diferente do que pinta o ex-diretor.
Há, por exemplo, sete investigações em curso sobre irregularidades e superfaturamento no pagamento das indenizações de desapropriação de imóveis para obras, como o trecho sul do rodoanel. Os promotores também apuram eventual prejuízo ao erário na execução do contrato firmado com o consórcio responsável pela mesma obra, tanto na “metodologia empregada para a construção de pontes” como no “emprego de material diverso do ajustado”. O trecho sul do rodoanel custou aos cofres públicos R$ 5 bilhões.
Apesar das evidências envolvendo Paulo Preto, o PSDB e José Serra continuam a tratar o tema como um assunto de pouca importância. Embora tenha nomeado uma das filhas do ex-diretor do Dersa, Tatiana Arana Souza Cremonini, para cargo de confiança, no mês em que assumiu o governo de São Paulo, Serra disse que não teve responsabilidade pela contratação quando foi questionado sobre o indício de “nepotismo” em entrevista ao “Jornal Nacional” na terça-feira 19.
Tatiana trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, com salário de R$ 4.595 e, segundo fontes ouvidas por ISTOÉ, era vista com frequência ao lado do então governador. Hoje, Tatiana está de férias. “Essa menina foi contratada – eu não a conhecia, não foi diretamente por mim – para trabalhar no cerimonial que faz recepções, que cuida de solenidades e tudo mais. Sempre trabalhou corretamente. Inclusive eu só vim a saber que era filha de um diretor de uma empresa muito tempo depois”, afirmou o tucano. Durante sua gestão à frente da Prefeitura de São Paulo, Serra contratou a mesma filha de Paulo Preto para um cargo de confiança na SPTuris.
As últimas revelações levaram os líderes do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo a pedir a abertura de uma CPI para apurar o caso. Em Brasília, os petistas, com o apoio de parlamentares do PDT, agiram em outra frente. Na terça-feira 19, protocolaram na Procuradoria-Geral da República representações pedindo a investigação de denúncias.
A representação do PT é assinada pelos deputados Cândido Vaccarezza (SP), líder do governo na Câmara, e por Fernando Ferro (PE), líder do PT. “Ele (Paulo Preto) é réu confesso. Depois das informações sobre o sumiço do dinheiro arrecadado para a campanha, ele deu entrevista dizendo que ninguém deu mais condições de as empresas apoiarem a campanha. Além disso, há sinais claros de enriquecimento ilícito, por isso pedimos a investigação dos fatos e das confissões feitas por Paulo Vieira. É dinheiro público, há evidência de corrupção”, afirmou Vaccarezza
TEXTO DE MINO CARTA NA CARTA CAPITAL
Há quatro meses CartaCapital publicou a verdade factual a respeito do caso da quebra do sigilo fiscal de personalidades tucanas. Está claro que a chamada grande imprensa não quer a verdade factual, prefere a ficcional, sem contar que em hipótese alguma repercutiria informações veiculadas por esta publicação. Nem mesmo se revelássemos, e provássemos, que o papa saiu com Gisele Bündchen.
Furtei a expressão verdade factual de um ensaio de Hannah Arendt, lido nos tempos da censura brava na Veja que eu dirigia. Ela é o que não se discute. Diferencia-se, portanto, das verdades carregadas aos magotes por cada qual. Correspondem às visões que temos da vida e do mundo, às convicções e às crenças. Às vezes, às esperanças, às emoções, ao bom e ao mau humor.
Por exemplo: eu me chamo Mino e neste momento batuco na minha Olivetti. Esta é a verdade factual. Quatro meses depois da reportagem de CartaCapital sobre o célebre caso, a Polícia Federal desvenda o fruto das suas investigações. Coincide com as nossas informações. O sigilo não foi quebrado pela turma da Dilma, e sim por um repórter de O Estado de Minas, acionado porque o deputado Marcelo Itagiba estaria levantando informações contra Aécio Neves.
Nesta edição, voltamos a expor, com maiores detalhes, a verdade factual. E a mídia nativa? Desfralda impavidamente a verdade ficcional. Conta aquilo que gostaria que fosse e não é. Descreve, entre o ridículo e o delírio, uma realidade inexistente, porque nela Dilma leva a pior, como se a própria candidata petista fosse personagem de ficção. Estamos diante de um faz de conta romanesco, capaz talvez de enganar prezados leitores bem-postos na vida, tomados por medos grotescos e frequentemente movidos a ódio de classe.
Ao sabor do entrecho literário, pretende-se a todo custo que o repórter Amaury Ribeiro Jr. tenha trabalhado a mando de Dilma. Desde a quarta 20, a Folha de S.Paulo partiu para a denúncia com uma manchete de primeira página digna do anúncio da guerra atômica. Ao longo do dia, via UOL, teve de retocá-la até engatar a marcha à ré.
Deu-se que a Polícia Federal entrasse em cena para confirmar com absoluta precisão os dados do inquérito e para excluir a ligação entre o repórter e a campanha petista.
O recorde em matéria de brutal entrega à veia ficcional cabe, de todo modo, à manchete de primeira página de O Globo de quinta 21, obra-prima de fantasia ou de hipocrisia, de imaginação desvairada ou de desfaçatez. Não custa muito esforço constatar que o jornal da família Marinho acusa a PF de trabalhar a favor de Dilma, com o pronto, inescapável endosso do Estadão. Texto da primeira página soletra que, segundo “investigação da PF, partiu da campanha de Dilma Rousseff a iniciativa de contratar o jornalista”. Aqui a acusação se agrava: de acordo com o jornalão, o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, a quem coube apresentar à mídia os resultados do inquérito, é mentiroso.
Seria este jornalismo? Não hesito em afirmar que nunca, na história das eleições brasileiras pós-guerra, a mídia nativa permitiu-se trair a verdade factual de forma tão clamorosa. Tão tragicômica. Com destaque, na área da comicidade, para a bolinha de papel que atingiu a calva de José Serra.
A fidelidade canina à verdade factual é, a meu ver, o primeiro requisito da prática do jornalismo honesto. Escrevia Hannah Arendt: “Não há esperança de sobrevivência humana sem homens dispostos a dizer o que acontece, e que acontece porque é”. Este final, “porque é”, há de ser entendido como o registro indelével, gravado para sempre na teia misteriosa do tempo. A verdade factual é.
Dulcis in fundo: na festa da premiação das Empresas Mais Admiradas no Brasil, noite de segunda 18, o presidente Lula contou os dias que o separam da hora de abandonar o cargo e deixou a plateia de prontidão para as palavras e o tom do seu tempo livre pós-Presidência. Não mais “comedido”, como convém ao primeiro mandatário. E palavras e tom vai usá-los em CartaCapital. Apresento o novo, futuro colunista: Luiz Inácio Lula da Silva.
Por enquanto, ao presidente e à sua candidata não faltou na festa o apoio de dois qualificadíssimos representantes do empresariado. Roberto Setubal falou em nome dos seus pares. Abilio Diniz, de certa forma a representar também os consumidores, em levas crescentes na qualidade de novos incluídos.
A mídia nativa não deu eco, obviamente, a estes pronunciamentos muito significativos.
Furtei a expressão verdade factual de um ensaio de Hannah Arendt, lido nos tempos da censura brava na Veja que eu dirigia. Ela é o que não se discute. Diferencia-se, portanto, das verdades carregadas aos magotes por cada qual. Correspondem às visões que temos da vida e do mundo, às convicções e às crenças. Às vezes, às esperanças, às emoções, ao bom e ao mau humor.
Por exemplo: eu me chamo Mino e neste momento batuco na minha Olivetti. Esta é a verdade factual. Quatro meses depois da reportagem de CartaCapital sobre o célebre caso, a Polícia Federal desvenda o fruto das suas investigações. Coincide com as nossas informações. O sigilo não foi quebrado pela turma da Dilma, e sim por um repórter de O Estado de Minas, acionado porque o deputado Marcelo Itagiba estaria levantando informações contra Aécio Neves.
Nesta edição, voltamos a expor, com maiores detalhes, a verdade factual. E a mídia nativa? Desfralda impavidamente a verdade ficcional. Conta aquilo que gostaria que fosse e não é. Descreve, entre o ridículo e o delírio, uma realidade inexistente, porque nela Dilma leva a pior, como se a própria candidata petista fosse personagem de ficção. Estamos diante de um faz de conta romanesco, capaz talvez de enganar prezados leitores bem-postos na vida, tomados por medos grotescos e frequentemente movidos a ódio de classe.
Ao sabor do entrecho literário, pretende-se a todo custo que o repórter Amaury Ribeiro Jr. tenha trabalhado a mando de Dilma. Desde a quarta 20, a Folha de S.Paulo partiu para a denúncia com uma manchete de primeira página digna do anúncio da guerra atômica. Ao longo do dia, via UOL, teve de retocá-la até engatar a marcha à ré.
Deu-se que a Polícia Federal entrasse em cena para confirmar com absoluta precisão os dados do inquérito e para excluir a ligação entre o repórter e a campanha petista.
O recorde em matéria de brutal entrega à veia ficcional cabe, de todo modo, à manchete de primeira página de O Globo de quinta 21, obra-prima de fantasia ou de hipocrisia, de imaginação desvairada ou de desfaçatez. Não custa muito esforço constatar que o jornal da família Marinho acusa a PF de trabalhar a favor de Dilma, com o pronto, inescapável endosso do Estadão. Texto da primeira página soletra que, segundo “investigação da PF, partiu da campanha de Dilma Rousseff a iniciativa de contratar o jornalista”. Aqui a acusação se agrava: de acordo com o jornalão, o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, a quem coube apresentar à mídia os resultados do inquérito, é mentiroso.
Seria este jornalismo? Não hesito em afirmar que nunca, na história das eleições brasileiras pós-guerra, a mídia nativa permitiu-se trair a verdade factual de forma tão clamorosa. Tão tragicômica. Com destaque, na área da comicidade, para a bolinha de papel que atingiu a calva de José Serra.
A fidelidade canina à verdade factual é, a meu ver, o primeiro requisito da prática do jornalismo honesto. Escrevia Hannah Arendt: “Não há esperança de sobrevivência humana sem homens dispostos a dizer o que acontece, e que acontece porque é”. Este final, “porque é”, há de ser entendido como o registro indelével, gravado para sempre na teia misteriosa do tempo. A verdade factual é.
Dulcis in fundo: na festa da premiação das Empresas Mais Admiradas no Brasil, noite de segunda 18, o presidente Lula contou os dias que o separam da hora de abandonar o cargo e deixou a plateia de prontidão para as palavras e o tom do seu tempo livre pós-Presidência. Não mais “comedido”, como convém ao primeiro mandatário. E palavras e tom vai usá-los em CartaCapital. Apresento o novo, futuro colunista: Luiz Inácio Lula da Silva.
Por enquanto, ao presidente e à sua candidata não faltou na festa o apoio de dois qualificadíssimos representantes do empresariado. Roberto Setubal falou em nome dos seus pares. Abilio Diniz, de certa forma a representar também os consumidores, em levas crescentes na qualidade de novos incluídos.
A mídia nativa não deu eco, obviamente, a estes pronunciamentos muito significativos.
A BOLINHA DA GLOBO ABRIU QUATRO PONTOS NA CABEÇA DE SERRA
O tracking diário do PT identificou uma abertura de quatro pontos na diferença entre Dilma e Serra. A abertura se deu em todas as regiões.
As pesquisas qualitativas indicaram como principal fator o episódio da bolinha assassina. Os eleitores do PT na mostra caçoavam do episódio; os tucanos se mostravam envergonhados.
A avaliação qualitativa da campanha de ontem de Serra mostrou rejeição. Os adjetivos mais utilizados para descrever Serra foram "vingativo" e "autoritário".
A BAIXARIA DA GLOBO, VISTA POR DENTRO
POST DO BLOG O ESCRIVINHADOR DE RODRIGO VIANNA
Passava das 9 da noite dessa quinta-feira e, como acontece quando o “Jornal Nacional” traz matérias importantes sobre temas políticos, a redação da Globo em São Paulo parou para acompanhar nos monitores a “reportagem” sobre o episódio das “bolinhas” na cabeça de Serra.
A imensa maioria dos jornalistas da Globo-SP (como costuma acontecer em episódios assim) não tinha a menor idéia sobre o teor da reportagem, que tinha sido editada no Rio, com um único objetivo: mostrar que Serra fora, sim, agredido de forma violenta por um grupo de “petistas furiosos” no bairro carioca de Campo Grande.
Na quarta-feira, Globo e Serra tinham sido lançados ao ridículo, porque falaram numa agressão séria – enquanto Record e SBT mostraram que o tucano fora atingido por uma singela bolinha de papel. Aqui, no blog do Azenha. você compara as reportagens das três emissora na quarta-feira. No twitter, Serra virou “Rojas”. Além de Record e SBT, Globo e Serra tiveram o incômodo de ver o presidente Lula dizer que Serra agira feito o Rojas (goleiro chileno que simulou ferimento durante um jogo no Maracanã).
Ali Kamel não podia levar esse desaforo pra casa. Por isso, na quinta-feira, preparou um “VT especial” – um exemplar típico do jornalismo kameliano. Sete minutos no ar, para “provar” que a bolinha de papel era só parte da história. Teria havido outra “agressão”. Faltou só localizar o Lee Osvald de Campo Grande. O “JN” contorceu-se, estrebuchou para provar a tese de Kamel e Serra. Os editores fizeram todo o possível para cumprir a demanda kameliana. mas o telespectador seguiu sem ver claramente o “outro objeto” que teria atingido o tucano. Serra pode até ter sido atingido 2, 3, 4, 50 vezes. Só que a imagem da Globo de Kamel não permite tirar essa conclusão.
Aliás, vários internautas (como Marcelo Zelic, em ótimo vídeo postado aqui no Escrevinhador) mostraram que a sequência de imagens – quadro a quadro – não evidencia a trajetória do “objeto” rumo à careca lustrosa de Serra.
Mas Ali Kamel precisava comprovar sua tese. E foi buscar um velho conhecido (dele), o peritoRicardo Molina.
Quando o perito apresentou sua “tese” no ar, a imensa redação da Globo de São Paulo – que acompanhava a “reportagem” em silêncio – desmanchou-se num enorme uhhhhhhhhhhh! Mistura de vaia e suspiro coletivo de incredulidade.
Boas fontes – que mantenho na Globo – contam-me que o constrangimento foi tão grande que um dos chefes de redação da sucursal paulista preferiu fechar a persiana do “aquário” (aquelas salas envidraçadas típicas de grandes corporações) de onde acompanhou a reação dos jornalistas. O chefe preferiu não ver.
A vaia dos jornalistas, contam-me, não vinha só de eleitores da Dilma. Há muita gente que vota em Serra na Globo, mas que sentiu vergonha diante do contorcionismo do “JN”, a serviço de Serra e de Kamel.
Terminado o telejornal, os editores do “JN” em São Paulo recolheram suas coisas, e abandonaram a redação em silêncio – cabisbaixos alguns deles.
Sexta pela manhã, a operação kameliana ainda causava estragos na Globo de São Paulo. Uma jornalista com muitos anos na casa dizia aos colegas: “sinto vergonha de ser jornalista, sinto vergonha de trabalhar aqui”.
Serra e Kamel não sentiram vergonha.
CAPA DE VEJA ANTES DAS ELEIÇÕES
O TRANCO DE LULA EM SERRA
Ao comentar ontem com auxiliares suas declarações da véspera, quando qualificou como "mentira descarada" o episódio em que José Serra foi atingido por objeto lançado por petistas, Lula disse: "Achei que precisava dar um tranco no cara".
Antes de acusar o tucano, o presidente assistiu, no voo Brasília-Rio Grande (RS), reportagem do SBT segundo a qual se tratara de uma bola de papel. À noite, depois da fala de Lula, o "Jornal Nacional" desmontou essa versão.
No entorno do presidente, ninguém aposta num pedido de desculpas. A julgar pelo discurso da noite em Uberlândia, no qual repetiu a tese da "farsa", quem o conhece acredita que será difícil segurá-lo.
João Santana bancou a decisão de levar a reação de Serra sobre o incidente no Rio à propaganda de TV de Dilma.
Ontem, o marqueteiro continuava a questionar a versão levada ao ar pela Rede Globo na véspera, mostrando que Serra foi atingido por outro objeto, além da bola de papel.
A dose de reação ao episódio divide os petistas.
Para uns, o melhor é virar a página. Outros garantem que Dilma tem a ganhar se Lula abraçar o embate com o rival tucano.
Antes de acusar o tucano, o presidente assistiu, no voo Brasília-Rio Grande (RS), reportagem do SBT segundo a qual se tratara de uma bola de papel. À noite, depois da fala de Lula, o "Jornal Nacional" desmontou essa versão.
No entorno do presidente, ninguém aposta num pedido de desculpas. A julgar pelo discurso da noite em Uberlândia, no qual repetiu a tese da "farsa", quem o conhece acredita que será difícil segurá-lo.
João Santana bancou a decisão de levar a reação de Serra sobre o incidente no Rio à propaganda de TV de Dilma.
Ontem, o marqueteiro continuava a questionar a versão levada ao ar pela Rede Globo na véspera, mostrando que Serra foi atingido por outro objeto, além da bola de papel.
A dose de reação ao episódio divide os petistas.
Para uns, o melhor é virar a página. Outros garantem que Dilma tem a ganhar se Lula abraçar o embate com o rival tucano.
MILITANCIA PETISTA DESMONTA FARSA DA AGRESSÃO A SERRA
O monitoramento do comportamento do eleitor na internet, baseado na experiência da campanha de Barack Obama nos Estados Unidos, por meio de sofisticado aparato tecnológico instalado em um prédio comercial do Setor Hoteleiro Sul, em Brasília, mostrou à campanha do PT que Dilma Rousseff perdia “guerra” da comunicação, no caso do “atentado” a José Serra com bolinha de papel, até que a militância petista tomou conta das redes sociais Twitter, Facebook e Orkut.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
A CAMPANHA DE AÉCIO
Como um abnegado tucano da candidatura Serra , o Governador e futuro Senador Aécio Neves dedica-se a campanha presidencial. Esteve em Goiás, vai ao Piauí, vem ao RS. Mas e Minas? Bem...
VERDES FRANCESES APOIAM DILMA
"Prestemos bastante atenção ao seguinte: José Serra não é um social democrata de centro. Por trás dele, a direita brasileira vem mobilizando tudo o que há de pior em nossas sociedades: preconceitos sexistas, machistas e homofóbicos, junto com interesses econômicos os mais escusos e míopes. A direita sai do porão. Não permitamos que o voto libertário em Marina Silva paradoxalmente se transforme em uma catástrofe para as mulheres, para os direitos humanos e para os direitos da natureza!", diz documento assinado por ativistas como José Bové e Dany Cohn Bendit em apoio à candidatura de Dilma Rousseff.
ILUSÃO DE ÓTICA?
VOTOS DE MARINA
Os votos da terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva (PV), registraram um movimento favorável a Dilma nesta semana. A petista cresceu oito pontos nesse grupo, de 23% para 31%.
Ainda assim, Dilma continua bem atrás de Serra entre os "marineiros". O tucano sofreu uma queda de cinco pontos, de 51% para 46%.
Há poucos eleitores se dizendo disponíveis para os candidatos aumentarem seus percentuais. Segundo o Datafolha, 88% dos brasileiros declaram-se totalmente decididos sobre em quem votar no dia 31. Apenas 10% cogitam mudar de opinião.
Ainda assim, Dilma continua bem atrás de Serra entre os "marineiros". O tucano sofreu uma queda de cinco pontos, de 51% para 46%.
Há poucos eleitores se dizendo disponíveis para os candidatos aumentarem seus percentuais. Segundo o Datafolha, 88% dos brasileiros declaram-se totalmente decididos sobre em quem votar no dia 31. Apenas 10% cogitam mudar de opinião.
DTAFOLHA CONFIRMA DILMA NA FRENTE
Pesquisa Datafolha confirma que Dilma Rousseff (PT) estancou sua perda de votos iniciada no final de setembro. A petista voltou a subir e agora tem uma vantagem de 12 pontos sobre José Serra (PSDB) na disputa pela Presidência da República.
Quando se consideram os votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos), a petista tem 56% contra 44% do tucano. Esses 12 pontos de vantagem estão abaixo do que foi registrado na véspera da eleição do último dia 3, quando o Datafolha fez uma simulação de eventual segundo turno --Dilma tinha 57% contra 43% de Serra.
Quando se consideram os votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos), a petista tem 56% contra 44% do tucano. Esses 12 pontos de vantagem estão abaixo do que foi registrado na véspera da eleição do último dia 3, quando o Datafolha fez uma simulação de eventual segundo turno --Dilma tinha 57% contra 43% de Serra.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
PESQUISA IBOPE
Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (20) aponta a candidata do PT, Dilma Rousseff, com 56% dos votos válidos para presidente da República. O adversário da petista no segundo turno, José Serra (PSDB), aparece com 44%, segundo o instituto.
Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, Dilma pode ter entre 54% e 58% e Serra, entre 42% e 46%. O critério de votos válidos exclui as intenções de voto em branco e nulo e os indecisos.
Na pesquisa anterior do Ibope, divulgada no último dia 13, Dilma aparecia com 53% dos votos válidos, e Serra com 47%.
A pesquisa ouviu 3.010 eleitores, de 18 a 20 de outubro. Encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo", está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número de protocolo 36476/2010.
Pelo critério de votos totais (que incluem no cálculo brancos, nulos e indecisos), Dilma Rousseff soma 51% das intenções de voto, e José Serra, 40%.
De acordo com o Ibope, as intenções de voto em branco e nulos acumulam 5%. Os eleitores que disseram não saber em quem vão votar são 4%.
Nos votos totais da pesquisa anterior do Ibope, do último dia 13, Dilma tinha 49%, e Serra, 43%. Brancos e nulos eram 5%, e indecisos, 3%.
Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, Dilma pode ter entre 54% e 58% e Serra, entre 42% e 46%. O critério de votos válidos exclui as intenções de voto em branco e nulo e os indecisos.
Na pesquisa anterior do Ibope, divulgada no último dia 13, Dilma aparecia com 53% dos votos válidos, e Serra com 47%.
A pesquisa ouviu 3.010 eleitores, de 18 a 20 de outubro. Encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo", está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número de protocolo 36476/2010.
Pelo critério de votos totais (que incluem no cálculo brancos, nulos e indecisos), Dilma Rousseff soma 51% das intenções de voto, e José Serra, 40%.
De acordo com o Ibope, as intenções de voto em branco e nulos acumulam 5%. Os eleitores que disseram não saber em quem vão votar são 4%.
Nos votos totais da pesquisa anterior do Ibope, do último dia 13, Dilma tinha 49%, e Serra, 43%. Brancos e nulos eram 5%, e indecisos, 3%.
PESQUISA CNT/SENSUS
Pesquisa CNT/Sensus, divulgada de surpresa esta noite (20), aponta a candidata à sucessão de Lula, Dilma (PT), com 46,8% das intenções de votos contra 41,8% de Serra (PSDB).
Votos nulos e aqueles que não souberam responder somam 11,3 %.
Em comparação com a pesquisa divulgada na última quarta-feira (13), Dilma manteve o mesmo percentual e Serra caiu 0,9%.
Ao se verificar apenas os votos válidos (descontados os nulos e brancos), Dilma tem 52,8% contra 47,2% de Serra.
Na pesquisa espontânea (em que não é apresentado o nome do candidato aos entrevistados), Dilma tem 45,3 %, Serra 40,6%.
Segundo a pesquisa, Serra apresenta o maior índice de rejeição com 39,8%. Em contrapartida, 35,2% dos entrevistados disseram que não votariam em Dilma.
Na última pesquisa, Serra tinha 37,5% de rejeição contra 35,4% de Dilma
A margem de erro é de 2,2 % para mais ou para menos.
A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e realizada entre os dias 18 e 19 de outubro em 136 municípios de 24 estados. Foram feitas 2 mil entrevistas.
Votos nulos e aqueles que não souberam responder somam 11,3 %.
Em comparação com a pesquisa divulgada na última quarta-feira (13), Dilma manteve o mesmo percentual e Serra caiu 0,9%.
Ao se verificar apenas os votos válidos (descontados os nulos e brancos), Dilma tem 52,8% contra 47,2% de Serra.
Na pesquisa espontânea (em que não é apresentado o nome do candidato aos entrevistados), Dilma tem 45,3 %, Serra 40,6%.
Segundo a pesquisa, Serra apresenta o maior índice de rejeição com 39,8%. Em contrapartida, 35,2% dos entrevistados disseram que não votariam em Dilma.
Na última pesquisa, Serra tinha 37,5% de rejeição contra 35,4% de Dilma
A margem de erro é de 2,2 % para mais ou para menos.
A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e realizada entre os dias 18 e 19 de outubro em 136 municípios de 24 estados. Foram feitas 2 mil entrevistas.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
CARTA RECEBIDA DO RICARDO KOSCKO
“Camarada,
Como diria aquele finado jornalista, não li, mas me contaram.
Lembra quando a gente falava sobre a campanha da Dilma um ano atrás? O que dizíamos?
1) Vai ser uma eleição dura, muito provavelmente decidida no segundo turno.
2) As condições objetivas favorecem amplamente o governo: a economia, a ascensão social de milhões, a liderança do presidente Lula.
3) As condições subjetivas também: recuperação da auto-estima, as perspectivas de futuro, o respeito externo conquistado pelo Brasil e por Lula.
4) Diante disso, restará ao adversário tentar desconstruir e desqualificar a candidata. É a única chance que eles têm.
5) Sendo José Serra este adversário, todos os recursos escusos serão mobilizados, no mundo e no submundo da informação.
6) Será, por isso mesmo, uma eleição suja, muito suja, talvez mais suja que o segundo turno de 1989.
Lembrou direitinho? É exatamente o que está ocorrendo desde as últimas semanas do primeiro turno, com mais ênfase no início do segundo. O crescimento da Dilma entre dezembro e agosto, período em que ela passou de menos de 20% para cerca de 50% das intenções de voto, não foi uma onda.
Foi uma construção sustentada na progressiva identificação do nome de Dilma ao papel que ela desempenhou no governo Lula, aprovado por 80% dos brasileiros.
Para isso contribuíram a agenda social e regional da candidata, centenas de entrevistas a emissoras de rádio, tevês e jornais locais, os programas nacionais e regionais do PT, os momentos de visibilidade em torno do encontro e da convenção do PT, a agenda de debates e entrevistas em rede nacional, a costura das alianças políticas, a propaganda na televisão e no rádio, a partir de agosto, e o apoio entusiástico, generoso e qualificado do presidente Lula, o maior e melhor cabo eleitoral que um brasileiro poderia ter.
Esta construção foi o alvo de uma das mais sórdidas campanhas de desqualificação que eu vi nos meus 30 e poucos anos de jornalismo. Orquestrada e dirigida cientificamente por pessoas profundamente vocacionadas para esse tipo de objetivo. Você acompanhou o Lula nos anos mais difíceis e sabe melhor do que eu do que estamos falando.
Mesmo assim, ela chegou ao primeiro turno com 47% das intenções de voto. Quando a eleição finalmente se transformou no que sempre imaginamos (mas ainda não tínhamos vivido, por causa da ilusão de vitória no primeiro turno), foi a Dilma, elazinha, quem botou ordem na confusão. Foi a participação corajosa da minha candidata no debate da Band que surpreendeu o adversário, reposicionou o debate nos limites da política e alertou o país para a gravidade da decisão que vamos tomar em 31 de outubro.
Vou resumir o que ela fez em quatro pontos:
1) Denunciou a campanha de ódio e as mentiras sórdidas que José Serra difunde, manipulando o preconceito e a religiosidade de setores da população;
2) Denunciou o plano dos tucanos de entregar o pré-sal às petroleiras estrangeiras, pelas mão de José Serra, o chefe das privatizações de FHC (você se lembrava que o Zé Leilão foi o presidente do Conselho Nacional de Desestatização?Pois ela nunca esqueceu).
3) Denunciou a hipocrisia de um candidato que promete e não cumpre, o que põe em risco a continuidade dos programas sociais do governo Lula.
4) De quebra, espetou na biografia do “homem sem escândalos” o caso Paulo Preto — e só assim a mídia amestrada passou a tratar do assunto.
O nome disso é liderança. Dilma ditou a estratégia que, na velocidade possível, vai orientando a campanha, animando a militância e engajando os muitos setores sociais que identificaram o risco que José Serra e sua campanha de ódio e divisão representam para o país e para a democracia.
Passadas duas semanas, Serra não conseguiu virar a eleição. A candidatura da Dilma não desmanchou na praia, como acontece com as ondas em São Sebastião.
A eleição está mesmo dura, camarada, como nós esperávamos. A Dilma está fazendo a parte dela. Cada vez mais gente está fazendo sua parte.
Um abraço”.
Como diria aquele finado jornalista, não li, mas me contaram.
Lembra quando a gente falava sobre a campanha da Dilma um ano atrás? O que dizíamos?
1) Vai ser uma eleição dura, muito provavelmente decidida no segundo turno.
2) As condições objetivas favorecem amplamente o governo: a economia, a ascensão social de milhões, a liderança do presidente Lula.
3) As condições subjetivas também: recuperação da auto-estima, as perspectivas de futuro, o respeito externo conquistado pelo Brasil e por Lula.
4) Diante disso, restará ao adversário tentar desconstruir e desqualificar a candidata. É a única chance que eles têm.
5) Sendo José Serra este adversário, todos os recursos escusos serão mobilizados, no mundo e no submundo da informação.
6) Será, por isso mesmo, uma eleição suja, muito suja, talvez mais suja que o segundo turno de 1989.
Lembrou direitinho? É exatamente o que está ocorrendo desde as últimas semanas do primeiro turno, com mais ênfase no início do segundo. O crescimento da Dilma entre dezembro e agosto, período em que ela passou de menos de 20% para cerca de 50% das intenções de voto, não foi uma onda.
Foi uma construção sustentada na progressiva identificação do nome de Dilma ao papel que ela desempenhou no governo Lula, aprovado por 80% dos brasileiros.
Para isso contribuíram a agenda social e regional da candidata, centenas de entrevistas a emissoras de rádio, tevês e jornais locais, os programas nacionais e regionais do PT, os momentos de visibilidade em torno do encontro e da convenção do PT, a agenda de debates e entrevistas em rede nacional, a costura das alianças políticas, a propaganda na televisão e no rádio, a partir de agosto, e o apoio entusiástico, generoso e qualificado do presidente Lula, o maior e melhor cabo eleitoral que um brasileiro poderia ter.
Esta construção foi o alvo de uma das mais sórdidas campanhas de desqualificação que eu vi nos meus 30 e poucos anos de jornalismo. Orquestrada e dirigida cientificamente por pessoas profundamente vocacionadas para esse tipo de objetivo. Você acompanhou o Lula nos anos mais difíceis e sabe melhor do que eu do que estamos falando.
Mesmo assim, ela chegou ao primeiro turno com 47% das intenções de voto. Quando a eleição finalmente se transformou no que sempre imaginamos (mas ainda não tínhamos vivido, por causa da ilusão de vitória no primeiro turno), foi a Dilma, elazinha, quem botou ordem na confusão. Foi a participação corajosa da minha candidata no debate da Band que surpreendeu o adversário, reposicionou o debate nos limites da política e alertou o país para a gravidade da decisão que vamos tomar em 31 de outubro.
Vou resumir o que ela fez em quatro pontos:
1) Denunciou a campanha de ódio e as mentiras sórdidas que José Serra difunde, manipulando o preconceito e a religiosidade de setores da população;
2) Denunciou o plano dos tucanos de entregar o pré-sal às petroleiras estrangeiras, pelas mão de José Serra, o chefe das privatizações de FHC (você se lembrava que o Zé Leilão foi o presidente do Conselho Nacional de Desestatização?Pois ela nunca esqueceu).
3) Denunciou a hipocrisia de um candidato que promete e não cumpre, o que põe em risco a continuidade dos programas sociais do governo Lula.
4) De quebra, espetou na biografia do “homem sem escândalos” o caso Paulo Preto — e só assim a mídia amestrada passou a tratar do assunto.
O nome disso é liderança. Dilma ditou a estratégia que, na velocidade possível, vai orientando a campanha, animando a militância e engajando os muitos setores sociais que identificaram o risco que José Serra e sua campanha de ódio e divisão representam para o país e para a democracia.
Passadas duas semanas, Serra não conseguiu virar a eleição. A candidatura da Dilma não desmanchou na praia, como acontece com as ondas em São Sebastião.
A eleição está mesmo dura, camarada, como nós esperávamos. A Dilma está fazendo a parte dela. Cada vez mais gente está fazendo sua parte.
Um abraço”.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
DEBATE DE ONTEM NA REDE TV, POR JOSIAS DE SOUZA
Dilma Rousseff e José Serra tonaram-se candidatos-parafusos. Com as ideias espanadas, rodam a esmo em torno dos mesmos assuntos. O debate deste domingo foi menos encrespado que o anterior.
Recolheram-se os punhos. Bom. Abortou-se a agenda religiosa. Ótimo. O diabo é que o tempo de sobra foi usado em rodopios ao redor do mesmo. As teses foram expostas em profundidade que pode ser atravessada por uma formiga de joelhos.
Antes de trocar o enredo em miúdos, a conclusão: As câmeras não testemunharam nenhum escorregão. O debate serviu mais para consolidar a preferência do eleitor do que para virar votos. Nesse sentido, foi mais últil a Dilma, à frente nas pesquisas.
Num olhar microscópico, Serra lidou melhor com o português. As frases de Dilma soaram enleadas. No último bloco, sua confusão brigou com o relógio. A pupila de Lula ajudaria a si mesma se banisse dos lábios a expressão “no que se refere a...”. Repetiu-a três dezenas de vezes.
De resto, a esperteza de Dilma, por repetitiva, começa a engolir a dona. Serra parece antecipar-lhe os lances. Livra-se das armadilhas com mais naturalidade. Para grudar no rival um pouco mais de FHC, Dilma puxou-o para a arena das privatizações.
Uma, duas, três, quatro vezes. Diferentemente do que ocorria no primeiro turno, Serra perdeu a vergonha de defender FHC. Disse que a campanha de Dilma “mente o tempo todo”. A privatização é a “principal mentira”.
Recordou que, sob Lula, a Petrobras concedeu mais jazidas petrolíferas à exploração privado do que na era FHC. “Se concessão é privatização, fizeram mais”. Remartelou declarações elogiosas que o atual presidente do PT, José Eduardo Dutra, fizera ao modelo de concessões.
No festival do mesmo, Serra repetiu que Antonio Palocci, hoje mandachuva da campanha petista, elogiou a política econômica de FHC. De resto, repisou a tecla de que a própria Dilma elogiara o processo que levou ao martelo as estatais telefônicas.
Como Dilma insistisse no tema, Serra disse, pela enésima vez, que não vai privatizar, mas reestatizar as estatais, hoje rateadas entre sindicalistas e políticos.
Sempre que o debate enveredou para temas específicos, Dilma esfregou na face de Serra mazelas de São Paulo. Educação? Os índices do Estado são “constrangedores” e os professores são tratados no “cacetete”.
Saúde? Serra negou-se a participar dos convênios do Samu (programa de ambulâncias), onerando os municípios. Segurança pública? “Quero ajudar a livrar São Paulo do PCC”. Drogas? O povo de São Paulo conhece a cracolândia.
A certa altura, Serra disse que a antagonista parecia candidata ao governo paulista, não à Presidência. Esgrimiu indicadores que distinguem São Paulo de outros Estados. Foi à jugular ao recordar que, em São Paulo, PT é freguês de caderneta do PSDB.
Perdeu “a eleição atual, a anterior, a anterior da anterior e a anterior da anterior da anterior”. Dilma contra-atacou de FHC. Contrapôs aos 5 milhões de empregos criados na era tucana as quase 15 milhões de carteiras assinadas sob Lula.
Perguntou a Serra se concordava com frase atribuída a um ex-ministro do Trabalho de FHC, que teria ”criado no Brasil a categoria dos ininpregáveis”. Referia-se a Edward Amadeo, que, ao assumir a pasta, em maio de 1996, dissera que o problema do trabalhador não era de emprego, mas de “empregabilidade”.
Serra tratou o comentário pelo nome correto: “Bobagem”. Disse que a injeção de FHC no debate não ajuda a iluminar o futuro. Insinuou que Lula serviu-se de tudo o que o PT rejeitara: as privatizações, a Lei de Responsabilidade Fiscal e, sobretudo, o Plano Real.
“A inflação chegava a 20% ao mês”, disse. Depois, foi à canela: “Tenho apoio de dois ex-presidentes, Itamar Franco e Fernando Henrique. Eles fizeram o Real. Dilma tem o Collor e o Sarney. A população pode julgar”.
Os escândalos só entraram no debate por meio das jornalistas escaladas para arguir os candidatos. A Serra perguntou-se sobre Paulo Preto, o homem da mala de R$ 4 milhões. A Dilma, sobre Erenice Guerra, a braço-direito dos parentes e do lobby.
Serra escorregou. Disse que afirmara desconhecer o ex-direitor da Dersa porque não sabia do “apelido racista”. Disse que ninguém jamais o informou a cerca de sumiço de verbas eleitorais –nem quem doou nem quem arrecadou. Absteve-se de comentar a nomeação de uma filha de Paulo Preto, que assinou.
Dilma reconheceu, pela primeira vez, que Erenice “errou”. Disse que vê os malfeitos com “indignação”. Afirmou que é contra o nepotismo e o tráfico de influência. E declarou que a PF está no caso, algo diferenciaria o governo atual do anterior.
Para fustigar Serra, Dilma recordou que Paulo Preto frequenta a Operação Castelo de Areia como beneficiário de propinas na principal obra viária de São Paulo: o Rodoanel. E não há, disse, vestígio de providência que o governo paulista tenha adotado.
Os candidatos têm pela frente pelo menos mais dois debates. Ou reciclam o discurso ou se arriscam a perder a (pouca) audiência. Na bica da eleição, não fica bem tratar o superficial como profundo.
Qualquer eleitor com dois neurônios sabe: 1) Que a gestão FHC não foi um governo-pastelão. 2) Que Lula deu o salto social impulsionado pelo colchão de estabilidade que o antecessor fabricara. Trocou a roupa de cama sem atear fogo na casa.
É hora de se concentrar em 1º de janeiro de 2011. Concorrem Dilma e Serra, não suas sombras. O superficial já não pode ser vendido como profundo, o aparente como latente. O excesso de espuma desrespeita o eleitor.
Recolheram-se os punhos. Bom. Abortou-se a agenda religiosa. Ótimo. O diabo é que o tempo de sobra foi usado em rodopios ao redor do mesmo. As teses foram expostas em profundidade que pode ser atravessada por uma formiga de joelhos.
Antes de trocar o enredo em miúdos, a conclusão: As câmeras não testemunharam nenhum escorregão. O debate serviu mais para consolidar a preferência do eleitor do que para virar votos. Nesse sentido, foi mais últil a Dilma, à frente nas pesquisas.
Num olhar microscópico, Serra lidou melhor com o português. As frases de Dilma soaram enleadas. No último bloco, sua confusão brigou com o relógio. A pupila de Lula ajudaria a si mesma se banisse dos lábios a expressão “no que se refere a...”. Repetiu-a três dezenas de vezes.
De resto, a esperteza de Dilma, por repetitiva, começa a engolir a dona. Serra parece antecipar-lhe os lances. Livra-se das armadilhas com mais naturalidade. Para grudar no rival um pouco mais de FHC, Dilma puxou-o para a arena das privatizações.
Uma, duas, três, quatro vezes. Diferentemente do que ocorria no primeiro turno, Serra perdeu a vergonha de defender FHC. Disse que a campanha de Dilma “mente o tempo todo”. A privatização é a “principal mentira”.
Recordou que, sob Lula, a Petrobras concedeu mais jazidas petrolíferas à exploração privado do que na era FHC. “Se concessão é privatização, fizeram mais”. Remartelou declarações elogiosas que o atual presidente do PT, José Eduardo Dutra, fizera ao modelo de concessões.
No festival do mesmo, Serra repetiu que Antonio Palocci, hoje mandachuva da campanha petista, elogiou a política econômica de FHC. De resto, repisou a tecla de que a própria Dilma elogiara o processo que levou ao martelo as estatais telefônicas.
Como Dilma insistisse no tema, Serra disse, pela enésima vez, que não vai privatizar, mas reestatizar as estatais, hoje rateadas entre sindicalistas e políticos.
Sempre que o debate enveredou para temas específicos, Dilma esfregou na face de Serra mazelas de São Paulo. Educação? Os índices do Estado são “constrangedores” e os professores são tratados no “cacetete”.
Saúde? Serra negou-se a participar dos convênios do Samu (programa de ambulâncias), onerando os municípios. Segurança pública? “Quero ajudar a livrar São Paulo do PCC”. Drogas? O povo de São Paulo conhece a cracolândia.
A certa altura, Serra disse que a antagonista parecia candidata ao governo paulista, não à Presidência. Esgrimiu indicadores que distinguem São Paulo de outros Estados. Foi à jugular ao recordar que, em São Paulo, PT é freguês de caderneta do PSDB.
Perdeu “a eleição atual, a anterior, a anterior da anterior e a anterior da anterior da anterior”. Dilma contra-atacou de FHC. Contrapôs aos 5 milhões de empregos criados na era tucana as quase 15 milhões de carteiras assinadas sob Lula.
Perguntou a Serra se concordava com frase atribuída a um ex-ministro do Trabalho de FHC, que teria ”criado no Brasil a categoria dos ininpregáveis”. Referia-se a Edward Amadeo, que, ao assumir a pasta, em maio de 1996, dissera que o problema do trabalhador não era de emprego, mas de “empregabilidade”.
Serra tratou o comentário pelo nome correto: “Bobagem”. Disse que a injeção de FHC no debate não ajuda a iluminar o futuro. Insinuou que Lula serviu-se de tudo o que o PT rejeitara: as privatizações, a Lei de Responsabilidade Fiscal e, sobretudo, o Plano Real.
“A inflação chegava a 20% ao mês”, disse. Depois, foi à canela: “Tenho apoio de dois ex-presidentes, Itamar Franco e Fernando Henrique. Eles fizeram o Real. Dilma tem o Collor e o Sarney. A população pode julgar”.
Os escândalos só entraram no debate por meio das jornalistas escaladas para arguir os candidatos. A Serra perguntou-se sobre Paulo Preto, o homem da mala de R$ 4 milhões. A Dilma, sobre Erenice Guerra, a braço-direito dos parentes e do lobby.
Serra escorregou. Disse que afirmara desconhecer o ex-direitor da Dersa porque não sabia do “apelido racista”. Disse que ninguém jamais o informou a cerca de sumiço de verbas eleitorais –nem quem doou nem quem arrecadou. Absteve-se de comentar a nomeação de uma filha de Paulo Preto, que assinou.
Dilma reconheceu, pela primeira vez, que Erenice “errou”. Disse que vê os malfeitos com “indignação”. Afirmou que é contra o nepotismo e o tráfico de influência. E declarou que a PF está no caso, algo diferenciaria o governo atual do anterior.
Para fustigar Serra, Dilma recordou que Paulo Preto frequenta a Operação Castelo de Areia como beneficiário de propinas na principal obra viária de São Paulo: o Rodoanel. E não há, disse, vestígio de providência que o governo paulista tenha adotado.
Os candidatos têm pela frente pelo menos mais dois debates. Ou reciclam o discurso ou se arriscam a perder a (pouca) audiência. Na bica da eleição, não fica bem tratar o superficial como profundo.
Qualquer eleitor com dois neurônios sabe: 1) Que a gestão FHC não foi um governo-pastelão. 2) Que Lula deu o salto social impulsionado pelo colchão de estabilidade que o antecessor fabricara. Trocou a roupa de cama sem atear fogo na casa.
É hora de se concentrar em 1º de janeiro de 2011. Concorrem Dilma e Serra, não suas sombras. O superficial já não pode ser vendido como profundo, o aparente como latente. O excesso de espuma desrespeita o eleitor.
domingo, 17 de outubro de 2010
MARINA FICARÁ EM CIMA DO MURO
Terceira colocada na eleição presidencial, Marina Silva (PV) oficializou na tarde deste domingo a opção pela neutralidade no segundo turno.
Em votação simbólica, a ex-presidenciável, que recebeu 19,6 milhões de votos, referendou a posição para a nova etapa da corrida presidencial.
Dos cerca de 170 votantes, apenas quatro declararam apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). Mesmo Fernando Gabeira, o candidato derrotado ao governo do Rio que contou com o apoio do tucano no primeiro turno, preferiu a independência do partido.
Individualmente, os filiados estão liberados para aderir às campanhas da petista ou do tucano. É o que Gabeira faz ao endossar a candidatura de Serra.
Em votação simbólica, a ex-presidenciável, que recebeu 19,6 milhões de votos, referendou a posição para a nova etapa da corrida presidencial.
Dos cerca de 170 votantes, apenas quatro declararam apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). Mesmo Fernando Gabeira, o candidato derrotado ao governo do Rio que contou com o apoio do tucano no primeiro turno, preferiu a independência do partido.
Individualmente, os filiados estão liberados para aderir às campanhas da petista ou do tucano. É o que Gabeira faz ao endossar a candidatura de Serra.
A EDUCAÇÃO NO GOVERNO SERRA
Este post, recebi por e-mail do Ricardo Hoffmann e da Profa. Renate Aguiar:
Manifesto em Defesa da Educação Pública
Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.
Assinam os mais proeminentes professores de Universidades brasileiras.
Manifesto em Defesa da Educação Pública
Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.
Assinam os mais proeminentes professores de Universidades brasileiras.
sábado, 16 de outubro de 2010
GRÁFICA PAULISTA IMPRIMIA PANFLETOS CONTRA DILMA
O PT quer uma apuração rigorosa sobre a responsabilidade pelos panfletos que estavam sendo impressos em uma gráfica da zona sul de São Paulo neste sábado (16). A unidade, localizada no bairro de Cambuci, preparava a impressão de mais de dois milhões de manifestos contra a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.
O autor do material usou o nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para assinar o texto, que aponta intenção da petista e do presidente Lula de legalizar o aborto por meio do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH). A carta, intitulada “Apelo a todos os brasileiros e brasileiras”, é a mesma que circulou no último dia 12 por igrejas do interior paulista e de Minas Gerais e seria distribuída em missas neste domingo.
O pai do dono da gráfica, Paulo Ogawa, informou que o serviço foi encomendado por uma pessoa que se apresentou como colaboradora do bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, o mesmo que gravou vídeo pedindo que não se vote em Dilma. De acordo com Ogawa, a intenção do rapaz, que se apresentou como Telmo, era imprimir mais de vinte milhões de panfletos. Mas, como a gráfica dele não comportava a encomenda, ficou acordada a impressão de 2,2 milhões de unidades.
Por isso, o PT acredita que outras gráficas estejam trabalhando na confecção do material difamatório e pede a investigação dos fatos. O partido deve pedir investigações nas frentes criminal e eleitoral a respeito do episódio. O deputado estadual Adriano Diogo, que descobriu a operação, lembra que a CNBB não dá autorização para que sua logomarca seja colocada em panfletos e pede que seja apurada a autoria do panfleto. “Esse documento é falso. Falsificou o timbre da CNBB, falsificou o texto, que não é da CNBB. O documento é frio, não tem nada que ver com a CNBB. As assinaturas dos bispos são frias. É falsidade ideológica.”
O caso veio à tona no fim de semana em que os bispos da Regional Sul 1 da Conferência estão reunidos em Itaici, no interior paulista. O flagrante provocou a convocação de uma reunião extraordinária entre os líderes religiosos. Dom Pedro Luiz Stringhini, que comanda atualmente a Diocese de Franca, no interior paulista, manifestou por telefone que a posição da Igreja Católica é de que não se deve usar a palavra para pedir votos em quem quer que seja. "Isso que é importante ressaltar. A posição da CNBB é sempre de apontar critérios, e não pessoas. E defender o voto livre. O católico vota em quem ele quiser."
Ele lamenta que algumas dioceses, como a de Guarulhos, estejam desrespeitando essa medida. Esse será um dos temas debatidos ao longo desta noite pelos bispos, a portas fechadas, em Itaici. Os líderes entendem que é preciso enfatizar a posição da CNBB, proibindo a manifestação eleitoral. "É lamentável que esse documento tenha existido e mais lamentável ainda que tenha sido reproduzido e divulgado", conclui.
Diogo, do PT, lamenta que o nome da maior entidade da Igreja Católica brasileira seja utilizado de maneira anônima para promover mentiras. “Nenhuma igrejinha pode rodar uma tiragem dessa. Há alguém muito poderoso, com muita bala na agulha, mandando rodar o material. Ninguém pode afirmar que tem algum partido político por trás disso. Mas o teor é totalmente partidário. Não é um documento eclesial”, pondera.
O autor do material usou o nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para assinar o texto, que aponta intenção da petista e do presidente Lula de legalizar o aborto por meio do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH). A carta, intitulada “Apelo a todos os brasileiros e brasileiras”, é a mesma que circulou no último dia 12 por igrejas do interior paulista e de Minas Gerais e seria distribuída em missas neste domingo.
O pai do dono da gráfica, Paulo Ogawa, informou que o serviço foi encomendado por uma pessoa que se apresentou como colaboradora do bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, o mesmo que gravou vídeo pedindo que não se vote em Dilma. De acordo com Ogawa, a intenção do rapaz, que se apresentou como Telmo, era imprimir mais de vinte milhões de panfletos. Mas, como a gráfica dele não comportava a encomenda, ficou acordada a impressão de 2,2 milhões de unidades.
Por isso, o PT acredita que outras gráficas estejam trabalhando na confecção do material difamatório e pede a investigação dos fatos. O partido deve pedir investigações nas frentes criminal e eleitoral a respeito do episódio. O deputado estadual Adriano Diogo, que descobriu a operação, lembra que a CNBB não dá autorização para que sua logomarca seja colocada em panfletos e pede que seja apurada a autoria do panfleto. “Esse documento é falso. Falsificou o timbre da CNBB, falsificou o texto, que não é da CNBB. O documento é frio, não tem nada que ver com a CNBB. As assinaturas dos bispos são frias. É falsidade ideológica.”
O caso veio à tona no fim de semana em que os bispos da Regional Sul 1 da Conferência estão reunidos em Itaici, no interior paulista. O flagrante provocou a convocação de uma reunião extraordinária entre os líderes religiosos. Dom Pedro Luiz Stringhini, que comanda atualmente a Diocese de Franca, no interior paulista, manifestou por telefone que a posição da Igreja Católica é de que não se deve usar a palavra para pedir votos em quem quer que seja. "Isso que é importante ressaltar. A posição da CNBB é sempre de apontar critérios, e não pessoas. E defender o voto livre. O católico vota em quem ele quiser."
Ele lamenta que algumas dioceses, como a de Guarulhos, estejam desrespeitando essa medida. Esse será um dos temas debatidos ao longo desta noite pelos bispos, a portas fechadas, em Itaici. Os líderes entendem que é preciso enfatizar a posição da CNBB, proibindo a manifestação eleitoral. "É lamentável que esse documento tenha existido e mais lamentável ainda que tenha sido reproduzido e divulgado", conclui.
Diogo, do PT, lamenta que o nome da maior entidade da Igreja Católica brasileira seja utilizado de maneira anônima para promover mentiras. “Nenhuma igrejinha pode rodar uma tiragem dessa. Há alguém muito poderoso, com muita bala na agulha, mandando rodar o material. Ninguém pode afirmar que tem algum partido político por trás disso. Mas o teor é totalmente partidário. Não é um documento eclesial”, pondera.
EX-ALUNA CONTA A FOLHA QUE MONICA SERRA FEZ ABORTO. E AGORA?
A jornalista MONICA BERGAMO, publicou matéria na Folha de São Paulo, onde uma ex-aluna de MONICA SERRA conta que a ex-professora comentou em aula na UNICAMP, que havia praticado um aborto. Scheila Ribeiro, resolveu contar a história, porque ficou indignada com a forma que o assunto entrou na mídia e a postura de Serra no processo.
SERRA TITUBEOU, MAS DISSE QUE CONHECE PAULO SOUZA
DE DILMA PARA MARINA ( Do Blog do Noblat)
Prezada Marina,
Quero, por seu intermédio, fazer chegar à direção do Partido Verde meus comentários sobre a Agenda por um Brasil Justo e Sustentável, que foi entregue à coordenação de minha campanha.
Antes de tudo, saúdo a iniciativa de condicionar o posicionamento de seu partido a uma discussão de caráter programático. Ela é necessária e oportuna, sobretudo quando se verifica uma lamentável tentativa de mudar o foco do debate eleitoral para questões que, tendo sua relevância como temas de sociedade, não estão, no entanto, no centro da reflexão que o país necessita realizar para definir seu futuro.
Reiterando meus cumprimentos pelo expressivo resultado que sua candidatura obteve no primeiro turno das eleições, quero dar às observações que seguem um sentido que transcende em muito uma dimensão estritamente eleitoral. Nosso diálogo tem um significado futuro. Envolve as condições de governabilidade do país.
As observações que seguem refletem nossa primeira percepção da Agenda. Elas deverão ser objeto de novos aprofundamentos.
Transparência e ética
O Governo atual tem-se empenhado em garantir a mais absoluta liberdade de imprensa no país, posição com a qual me encontro pessoal e partidariamente comprometida.
Por outro lado, as avançadas medidas de transparência de informações sobre a execução orçamentária e de contratos deverão ser aprofundadas com rapidez nos próximos anos.
Reforma Eleitoral
Tenho dito que este tema é fundamental para o amadurecimento da democracia no país. Sendo questão a ser tratada no âmbito do Congresso Nacional, considero que a Presidência da República não deve estar alheia ao tema. Penso que, sobre a maior parte das questões, estamos de acordo e que a forma definitiva que deve assumir a reforma política tem de ser resultado de amplo acordo envolvendo o bloco de sustentação do Governo, partidos que nele não estejam incluídos e, igualmente, as oposições.
Educação para a sociedade do conhecimento
Manifestamos nosso acordo com todos os pontos deste item.
Segurança Pública
Em sintonia com o sentimento da sociedade brasileira, temos dado especial atenção aos temas da segurança. Temos insistido - na contramão de outras propostas - que a segurança pública não se esgota nas ações repressivas, mas deve ser complementada por políticas públicas em regiões onde o Estado esteve e ainda está ausente. No plano puramente repressivo, defendemos o fortalecimento de ações de inteligência e o emprego de modernas tecnologias. O Governo Lula instituiu, no âmbito do Pronasci, a Bolsa PROTEJO, que beneficia jovens em processo de formação. Concordamos em que uma melhor remuneração dos policiais é fundamental para garantir a dedicação exclusiva a suas funções. Um primeiro passo foi dado a partir de 2008, com a instituição da Bolsa Formação, que beneficiou desde sua criação mais de 350 mil policiais. A necessidade indiscutível de um piso nacional de remuneração para policiais tem de ser objeto de um pacto entre a União, os Estados e os Municípios. Essas e outras questões deverão ser objeto de uma PEC a ser enviada no menor prazo possível, consultados os entes federativos. Meu programa prevê a revisão do modelo atual de segurança pública e a institucionalização de um Sistema Único de Segurança Pública.
Mudanças climáticas, energia e infraestrutura
Expressando nossa concordância com a maior parte dos pontos contidos neste item, considero que há questões que devem ser objeto de aprofundamento e/ou negociação.
É o caso da criação de uma Agência Reguladora para a Política Nacional de Mudanças Climáticas. Mas temos acordo quanto à necessidade de um arcabouço institucional capaz de coordenar, implementar e monitorar iniciativas nesse setor.
A supressão do IPI sobre a fabricação de veículos elétricos e híbridos deve ser compatibilizada com nossa produção de etanol e nossa capacidade de geração elétrica. Pode-se propor política tributária diferenciada para veículos e outros bens que emitam menos GEE.
A proposta de moratória sobre a criação de novas centrais nucleares exige aprofundamento à luz das necessidades estratégicas de expansão de nossa matriz energética.
Seguridade Social: saúde, assistência social e previdência
Há concordância com todos os itens, com ressalva quanto à redução, no curto prazo, da população de referência para o PSF, pois implicaria aumentar as necessidades de profissionais além de uma capacidade imediata de resposta do sistema.
Proteção dos biomas brasileiros
Nosso Programa dá ênfase à proteção dos biomas nacionais. Por essa razão, estamos de acordo com a meta de incluir 10% dos biomas brasileiros em unidades de conservação A proposta de desmatamento de vegetação nativa primária e secundária em estado avançado de regeneração merece precisão.
Estamos de acordo sobre a prioridade de proteção da Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, dentro de uma estratégia ambientalmente sustentável de ocupação e uso do solo e inclusão social.
Da mesma forma, é nossa prioridade a ação consistente na recuperação de áreas degradadas, a exemplo do Programa Palma de Óleo, na Amazônia.
Consideramos excelente a proposta de um Plano Nacional para a Agricultura Sustentável.
Sobre o Código Florestal, expresso meu acordo com o veto a propostas que reduzam áreas de reserva legal e preservação permanente, embora seja necessário inovar em relação à legislação em vigor. Somos totalmente favoráveis ao veto à anistia para desmatadores.
Gasto público de custeio e Reforma Tributária
Estamos de acordo com todos os itens.
Consideramos necessário afastar-nos de um conceito conservador de custeio que traz embutida a noção de Estado mínimo. A eficiência do Estado está ligada à qualificação dos servidores públicos. Daremos prioridade ao provimento de cargos com funcionários concursados.
Política Externa
Há acordo total com o expresso no documento.
Enfatizamos a necessidade de garantir presença soberana do Brasil no mundo, de fortalecer os laços de solidariedade com os países do Sul, em especial os da América Latina, com os quais compartilhamos história e valores comuns e estamos ligados pela necessidade de defesa de um patrimônio ambiental comum. Defendemos, igualmente, a necessidade de lutar pela reforma e democratização dos organismos multilaterais.
Fortalecimento da diversidade socioambiental e cultural
Pretendo dar continuidade e profundidade às políticas que foram seguidas neste campo pelo Governo do Presidente Lula.
Quero, por seu intermédio, fazer chegar à direção do Partido Verde meus comentários sobre a Agenda por um Brasil Justo e Sustentável, que foi entregue à coordenação de minha campanha.
Antes de tudo, saúdo a iniciativa de condicionar o posicionamento de seu partido a uma discussão de caráter programático. Ela é necessária e oportuna, sobretudo quando se verifica uma lamentável tentativa de mudar o foco do debate eleitoral para questões que, tendo sua relevância como temas de sociedade, não estão, no entanto, no centro da reflexão que o país necessita realizar para definir seu futuro.
Reiterando meus cumprimentos pelo expressivo resultado que sua candidatura obteve no primeiro turno das eleições, quero dar às observações que seguem um sentido que transcende em muito uma dimensão estritamente eleitoral. Nosso diálogo tem um significado futuro. Envolve as condições de governabilidade do país.
As observações que seguem refletem nossa primeira percepção da Agenda. Elas deverão ser objeto de novos aprofundamentos.
Transparência e ética
O Governo atual tem-se empenhado em garantir a mais absoluta liberdade de imprensa no país, posição com a qual me encontro pessoal e partidariamente comprometida.
Por outro lado, as avançadas medidas de transparência de informações sobre a execução orçamentária e de contratos deverão ser aprofundadas com rapidez nos próximos anos.
Reforma Eleitoral
Tenho dito que este tema é fundamental para o amadurecimento da democracia no país. Sendo questão a ser tratada no âmbito do Congresso Nacional, considero que a Presidência da República não deve estar alheia ao tema. Penso que, sobre a maior parte das questões, estamos de acordo e que a forma definitiva que deve assumir a reforma política tem de ser resultado de amplo acordo envolvendo o bloco de sustentação do Governo, partidos que nele não estejam incluídos e, igualmente, as oposições.
Educação para a sociedade do conhecimento
Manifestamos nosso acordo com todos os pontos deste item.
Segurança Pública
Em sintonia com o sentimento da sociedade brasileira, temos dado especial atenção aos temas da segurança. Temos insistido - na contramão de outras propostas - que a segurança pública não se esgota nas ações repressivas, mas deve ser complementada por políticas públicas em regiões onde o Estado esteve e ainda está ausente. No plano puramente repressivo, defendemos o fortalecimento de ações de inteligência e o emprego de modernas tecnologias. O Governo Lula instituiu, no âmbito do Pronasci, a Bolsa PROTEJO, que beneficia jovens em processo de formação. Concordamos em que uma melhor remuneração dos policiais é fundamental para garantir a dedicação exclusiva a suas funções. Um primeiro passo foi dado a partir de 2008, com a instituição da Bolsa Formação, que beneficiou desde sua criação mais de 350 mil policiais. A necessidade indiscutível de um piso nacional de remuneração para policiais tem de ser objeto de um pacto entre a União, os Estados e os Municípios. Essas e outras questões deverão ser objeto de uma PEC a ser enviada no menor prazo possível, consultados os entes federativos. Meu programa prevê a revisão do modelo atual de segurança pública e a institucionalização de um Sistema Único de Segurança Pública.
Mudanças climáticas, energia e infraestrutura
Expressando nossa concordância com a maior parte dos pontos contidos neste item, considero que há questões que devem ser objeto de aprofundamento e/ou negociação.
É o caso da criação de uma Agência Reguladora para a Política Nacional de Mudanças Climáticas. Mas temos acordo quanto à necessidade de um arcabouço institucional capaz de coordenar, implementar e monitorar iniciativas nesse setor.
A supressão do IPI sobre a fabricação de veículos elétricos e híbridos deve ser compatibilizada com nossa produção de etanol e nossa capacidade de geração elétrica. Pode-se propor política tributária diferenciada para veículos e outros bens que emitam menos GEE.
A proposta de moratória sobre a criação de novas centrais nucleares exige aprofundamento à luz das necessidades estratégicas de expansão de nossa matriz energética.
Seguridade Social: saúde, assistência social e previdência
Há concordância com todos os itens, com ressalva quanto à redução, no curto prazo, da população de referência para o PSF, pois implicaria aumentar as necessidades de profissionais além de uma capacidade imediata de resposta do sistema.
Proteção dos biomas brasileiros
Nosso Programa dá ênfase à proteção dos biomas nacionais. Por essa razão, estamos de acordo com a meta de incluir 10% dos biomas brasileiros em unidades de conservação A proposta de desmatamento de vegetação nativa primária e secundária em estado avançado de regeneração merece precisão.
Estamos de acordo sobre a prioridade de proteção da Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, dentro de uma estratégia ambientalmente sustentável de ocupação e uso do solo e inclusão social.
Da mesma forma, é nossa prioridade a ação consistente na recuperação de áreas degradadas, a exemplo do Programa Palma de Óleo, na Amazônia.
Consideramos excelente a proposta de um Plano Nacional para a Agricultura Sustentável.
Sobre o Código Florestal, expresso meu acordo com o veto a propostas que reduzam áreas de reserva legal e preservação permanente, embora seja necessário inovar em relação à legislação em vigor. Somos totalmente favoráveis ao veto à anistia para desmatadores.
Gasto público de custeio e Reforma Tributária
Estamos de acordo com todos os itens.
Consideramos necessário afastar-nos de um conceito conservador de custeio que traz embutida a noção de Estado mínimo. A eficiência do Estado está ligada à qualificação dos servidores públicos. Daremos prioridade ao provimento de cargos com funcionários concursados.
Política Externa
Há acordo total com o expresso no documento.
Enfatizamos a necessidade de garantir presença soberana do Brasil no mundo, de fortalecer os laços de solidariedade com os países do Sul, em especial os da América Latina, com os quais compartilhamos história e valores comuns e estamos ligados pela necessidade de defesa de um patrimônio ambiental comum. Defendemos, igualmente, a necessidade de lutar pela reforma e democratização dos organismos multilaterais.
Fortalecimento da diversidade socioambiental e cultural
Pretendo dar continuidade e profundidade às políticas que foram seguidas neste campo pelo Governo do Presidente Lula.
UERGS NO CONSELHÃO
É imperioso que o reitor eleito, Fernando Guaragna, da UERGS, tenha assento no CONSELHO a ser criado pelo governador eleito Tarso Genro. Seria impensável, qualquer atitude em contrário.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
DIA DO PROFESSOR
PARA RELETIR ( blog do Josias )
A duas semanas da eleição, o QG de Dilma Rousseff atravessa seu pior momento.
A sintonia que permeava as relações de Lula com o comando da campanha trincou.
As críticas ao estilo centralizador dos operadores do QG espraiaram-se pela coligação.
A submissão da candidata à agenda religiosa deixou indignado um pedaço do PT.
Fraturas expostas debilitam a campanha em praças tão estratégicas como Minas.
Tudo isso contra um pano de fundo ornado por pesquisas internas inquietantes.
Detectou-se avanço do rival José Serra nos maiores bolsões de votos do Sudeste.
As sondagens indicam que Serra avança em São Paulo, em Minas e no Rio.
Nos dois primeiros Estados, atribui-se o fenômeno ao embalo do primeiro turno.
Serra seria beneficiário do êxito de Geraldo Alckmin e do grupo de Aécio Neves.
No Rio, o tucano estaria herdando nacos expressivos do eleitorado de Marina Silva.
Teme-se, de resto, que a abstenção sugue parte dos votos de Dilma no Nordeste.
Em privado, Lula critica o marqueteiro João Santana, que antes endeusava.
Diz que a propaganda televisiva padece de ausência de “povo” e falta de “emoção”.
Nos subterrâneos, atribui-se o formato atual da publicidade –prenhe de comparações entre a era tucana e a fase petista— mais a Lula que a Santana.
Viria do presidente a inspiração para o reforço do tom “plebiscitário”, com especial ênfase às privatizações feitas sob FHC.
Teria partido de Lula a ordem para levar o vice-presidente José Alencar ao vídeo. Uma forma de atenuar a desestruturação da campanha de Dilma em Minas.
Ali, o PT se rói em desavenças entre as alas de Fernando Pimentel e Patrus Ananias. E o PMDB de Hélio Costa, esmagado por Aécio, já não quebra lanças por Dilma.
Na prátrica, a campanha de Dilma demora-se em sacudir a poeira do primeiro turno. Lula não frequenta a cena apenas no papel de crítico. É criticado.
Atacam-no pelas costas. Atribui-se ao cabo eleitoral de Dilma parte da culpa pelos problemas que levaram a eleição ao segundo turno.
Afora o ‘Erenicegate’ e a sublevação das igrejas, a escalada retórica de Lula contra a mídia teria feito o eleitor de classe média a olhar de esguelha para Dilma.
Numa tentativa de reverter o quadro, planeja-se tonificar a campanha no Sudeste.
Nesta sexta (16), Dilma realiza comício em São Miguel Paulista, bairro de São Paulo. No sábado (17), deve desfilar em carreata pelas ruas de Belo Horizonte.
Pelo PT, José Eduardo Dutra e Alexandre Padilha rearticulam os prefeitos mineiros. Pelo PMDB, o vice de Dilma, Michel Temer, tenta reenergizar o seu partido.
Dutra e Padilha passaram por Belo Horizonte nesta quinta (14). Temer desembarca na cidade nesta sexta (15).
Lula avocou para si a tarefa dee soldar a votação de Dilma no Nordeste, um pedaço do mapa em que sua popularidade é maior do que a média nacional.
Contra a abstenção, planeja-se injetar na propaganda de rádio e TV mensagens dirigidas ao eleitor de baixa renda e de escolaridade exígua.
Para desassossego do petismo, também o comando da campanha de Serra deliberou centrar esforços no Sudeste, em especial São Paulo, Minas e Rio.
Nesta quinta, Aécio Neves produziu a primeira evidência de que decidiu derramar suor por Serra. Reuniu em torno do candidato, em Belo Horizonte, 300 prefeitos.
Na quarta-feira (20) da semana que vem, o tucanato fará evento semelhante no Rio.
Noutra praça convertida em prioridade tucana, o Rio Grande do Sul, o PMDB de Temer aderiu, em sua maioria, a Serra.
Pela primeira vez desde o início oficial da campanha, há quatro meses, Lula e os operadores de Dilma parecem realmente preocupados com o adversário.
A sintonia que permeava as relações de Lula com o comando da campanha trincou.
As críticas ao estilo centralizador dos operadores do QG espraiaram-se pela coligação.
A submissão da candidata à agenda religiosa deixou indignado um pedaço do PT.
Fraturas expostas debilitam a campanha em praças tão estratégicas como Minas.
Tudo isso contra um pano de fundo ornado por pesquisas internas inquietantes.
Detectou-se avanço do rival José Serra nos maiores bolsões de votos do Sudeste.
As sondagens indicam que Serra avança em São Paulo, em Minas e no Rio.
Nos dois primeiros Estados, atribui-se o fenômeno ao embalo do primeiro turno.
Serra seria beneficiário do êxito de Geraldo Alckmin e do grupo de Aécio Neves.
No Rio, o tucano estaria herdando nacos expressivos do eleitorado de Marina Silva.
Teme-se, de resto, que a abstenção sugue parte dos votos de Dilma no Nordeste.
Em privado, Lula critica o marqueteiro João Santana, que antes endeusava.
Diz que a propaganda televisiva padece de ausência de “povo” e falta de “emoção”.
Nos subterrâneos, atribui-se o formato atual da publicidade –prenhe de comparações entre a era tucana e a fase petista— mais a Lula que a Santana.
Viria do presidente a inspiração para o reforço do tom “plebiscitário”, com especial ênfase às privatizações feitas sob FHC.
Teria partido de Lula a ordem para levar o vice-presidente José Alencar ao vídeo. Uma forma de atenuar a desestruturação da campanha de Dilma em Minas.
Ali, o PT se rói em desavenças entre as alas de Fernando Pimentel e Patrus Ananias. E o PMDB de Hélio Costa, esmagado por Aécio, já não quebra lanças por Dilma.
Na prátrica, a campanha de Dilma demora-se em sacudir a poeira do primeiro turno. Lula não frequenta a cena apenas no papel de crítico. É criticado.
Atacam-no pelas costas. Atribui-se ao cabo eleitoral de Dilma parte da culpa pelos problemas que levaram a eleição ao segundo turno.
Afora o ‘Erenicegate’ e a sublevação das igrejas, a escalada retórica de Lula contra a mídia teria feito o eleitor de classe média a olhar de esguelha para Dilma.
Numa tentativa de reverter o quadro, planeja-se tonificar a campanha no Sudeste.
Nesta sexta (16), Dilma realiza comício em São Miguel Paulista, bairro de São Paulo. No sábado (17), deve desfilar em carreata pelas ruas de Belo Horizonte.
Pelo PT, José Eduardo Dutra e Alexandre Padilha rearticulam os prefeitos mineiros. Pelo PMDB, o vice de Dilma, Michel Temer, tenta reenergizar o seu partido.
Dutra e Padilha passaram por Belo Horizonte nesta quinta (14). Temer desembarca na cidade nesta sexta (15).
Lula avocou para si a tarefa dee soldar a votação de Dilma no Nordeste, um pedaço do mapa em que sua popularidade é maior do que a média nacional.
Contra a abstenção, planeja-se injetar na propaganda de rádio e TV mensagens dirigidas ao eleitor de baixa renda e de escolaridade exígua.
Para desassossego do petismo, também o comando da campanha de Serra deliberou centrar esforços no Sudeste, em especial São Paulo, Minas e Rio.
Nesta quinta, Aécio Neves produziu a primeira evidência de que decidiu derramar suor por Serra. Reuniu em torno do candidato, em Belo Horizonte, 300 prefeitos.
Na quarta-feira (20) da semana que vem, o tucanato fará evento semelhante no Rio.
Noutra praça convertida em prioridade tucana, o Rio Grande do Sul, o PMDB de Temer aderiu, em sua maioria, a Serra.
Pela primeira vez desde o início oficial da campanha, há quatro meses, Lula e os operadores de Dilma parecem realmente preocupados com o adversário.
A ONDA AZUL
As 4 pesquisas divulgadas até agora sobre a disputa pelo Palácio do Planalto mostram a formação de uma possível onda pró-José Serra (PSDB). Ainda serão necessárias outras sondagens para qualificar o solavanco sofrido por Dilma Rousseff (PT), mas é nítido que neste segundo turno a petista perdeu “momentum”.
Eis um resumo das 4 pesquisas já divulgadas neste segundo turno:
* CNT/ Sensus (11-13.out) – Dilma 46,8% X 42,7% Serra (diferença entre ambos: 4,1 pontos) (margem de 2,2 pontos percentuais)
* Ibope (11-13.out) – Dilma 49% X 43% Serra (diferença entre ambos: 6 pontos) (margem de 2 pontos percentuais)
* Vox Populi (10-11.out) – Dilma 48% X 40% Serra (diferença entre ambos: 8 pontos) (margem de 1,8 ponto percentual)
* Datafolha (8.out) – Dilma 48% X 41% Serra (diferença entre ambos: 7 pontos) (margem de 2 pontos percentuais)
Essas pesquisas não são comparáveis por serem realizadas com metodologias diferentes. Mas é possível dizer 1) todas apontam uma diferença sempre abaixo de 10 pontos entre Dilma e Serra e 2) a diferença entre a petista e o tucano parece se estreitar cada vez mais.
Dá para dizer que uma virada vai acontecer? Não, não dá. Mas seria temerário agora fazer qualquer tipo de prognóstico.
Ao que tudo indica, tem surtido efeito a estratégia tucana de comparar biografias e de atrair o eleitorado mais conservador.
Do seu lado, Dilma tem mostrado pouco o presidente Lula em suas propagandas. Só quando ela apareceu intensamente ao lado do seu padrinho político é que registrou altas nas pesquisas durante o primeiro turno.
Mas agora paira uma dúvida sobre a equipe de campanha petista: não se sabe se a imagem presidencial funcionaria mais como um remédio ou um veneno –ao reforçar a percepção de que a candidata governista não consegue andar com as próprias pernas.
Eis um resumo das 4 pesquisas já divulgadas neste segundo turno:
* CNT/ Sensus (11-13.out) – Dilma 46,8% X 42,7% Serra (diferença entre ambos: 4,1 pontos) (margem de 2,2 pontos percentuais)
* Ibope (11-13.out) – Dilma 49% X 43% Serra (diferença entre ambos: 6 pontos) (margem de 2 pontos percentuais)
* Vox Populi (10-11.out) – Dilma 48% X 40% Serra (diferença entre ambos: 8 pontos) (margem de 1,8 ponto percentual)
* Datafolha (8.out) – Dilma 48% X 41% Serra (diferença entre ambos: 7 pontos) (margem de 2 pontos percentuais)
Essas pesquisas não são comparáveis por serem realizadas com metodologias diferentes. Mas é possível dizer 1) todas apontam uma diferença sempre abaixo de 10 pontos entre Dilma e Serra e 2) a diferença entre a petista e o tucano parece se estreitar cada vez mais.
Dá para dizer que uma virada vai acontecer? Não, não dá. Mas seria temerário agora fazer qualquer tipo de prognóstico.
Ao que tudo indica, tem surtido efeito a estratégia tucana de comparar biografias e de atrair o eleitorado mais conservador.
Do seu lado, Dilma tem mostrado pouco o presidente Lula em suas propagandas. Só quando ela apareceu intensamente ao lado do seu padrinho político é que registrou altas nas pesquisas durante o primeiro turno.
Mas agora paira uma dúvida sobre a equipe de campanha petista: não se sabe se a imagem presidencial funcionaria mais como um remédio ou um veneno –ao reforçar a percepção de que a candidata governista não consegue andar com as próprias pernas.
PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO
O salão São José do Hotel Plaza San Rafael viveu um momento histórico na noite de quinta-feira. O ato de mobilização da candidatura de Dilma Rousseff (PT) reuniu mais de duas mil pessoas, contando quem conseguiu entrar no auditório e quem teve que ficar do lado de fora. Mas o tamanho do público não foi o único destaque do ato. A mesa que comandou os trabalhos mostrou uma aliança de forças políticas que há muito tempo não se via na história do Rio Grande do Sul. Lá estava, entre outros, o governador eleito do Estado, Tarso Genro (PT), o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), os senadores Sérgio Zambiasi (PTB) e Paulo Paim (PT), o deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB), o deputado federal Beto Albuquerque (PSB), a deputada federal Manuela D’Ávila (PC do B), deputados federais e estaduais do PT, o deputado estadual Luis Augusto Lara (PTB), lideranças históricas da política gaúcha como Aldo Pinto (PDT), além de dezenas de parlamentares, prefeitos, vereadores e lideranças de vários partidos, igrejas, sindicatos e outras organizações da sociedade.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
PARTIDO PROGRESSISTA
O presidente nacional do PP, Senador Francisco Dorneles, disse que o partido apoia Dilma(PT). Mas no RS, os progressistas, a começar por Ana Amélia, estão fechados com Serra (PSDB).
PMDB/RS RECOMENDA VOTO EM SERRA
Em reunião presidida pelo senador Pedro Simon, o diretório do PMDB do Rio Grande do Sul decidiu há pouco, por maioria, "recomendar" o apoio dos integrantes do partido no estado ao candidato à presidência, José Serra (PSDB).
A decisão foi anunciada pelo senador por meio do microblog twitter com a seguinte frase: "PMDB-RS aprova indicação de voto em José Serra".
Simon, em entrevista, disse que:
"O diretório recomendou apoio ao Serra, mas liberando que cada um vote como quiser", explicou.
A decisão contraria a Executiva Nacional do partido que é presidido pelo deputado Michel Temer (SP), candidato a vice-presidente na chapa de Dilma (PT).
A decisão foi anunciada pelo senador por meio do microblog twitter com a seguinte frase: "PMDB-RS aprova indicação de voto em José Serra".
Simon, em entrevista, disse que:
"O diretório recomendou apoio ao Serra, mas liberando que cada um vote como quiser", explicou.
A decisão contraria a Executiva Nacional do partido que é presidido pelo deputado Michel Temer (SP), candidato a vice-presidente na chapa de Dilma (PT).
A ORIGEM DOS BOATOS CONTRA DILMA
O CAMINHO DA CALÚNIA ( PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE O ESCRIVINHADOR)
por Tony Chastinet
Recebi ontem à noite um daqueles e-mails nojentos e anônimos, que estão circulando na internet, com calúnias contra a candidata Dilma Roussef. Decidi gastar alguns minutos para tentar identificar os autores. Consegui, e repasso abaixo as informações sobre os autores da baixaria – incluindo as fontes da pesquisa.
Há um e-mail circulando na internet com o seguinte título: “Candidatos de esquerda”. Na mensagem há uma série de calúnias contra Dilma, e o pedido para se votar no Serra. Também recomenda a leitura do site www.tribunanacional.com.br.
Entrei na página e de cara me deparei com aquela foto montada da Dilma ao lado de um fuzil. Uma verdadeira central de calúnias ligada à extrema direita. Vejam uma amostra neste link http://www.tribunanacional.com.br/v2/editorial/a-terrorista/.
O e-mail foi enviado para minha caixa postal na noite de domingo. O remetente é um tal de Ingo Schimidt (ingo@tribunanacional.com.br). O site está registrado na Fapesp em nome do “Círculo Memorial Octaviano Pinto Soares”.
Essa associação tem CNPJ (026.990.366/0001-49), está localizada na SCRN, 706-707, Bloco B, Sala 125, na Asa Norte, em Brasília. O responsável pelo site chama-se Nei Mohn. Em uma pesquisa superficial na internet, descobre-se que ele foi presidente da “Juventude Nazista” em 1968. Era informante do Cenimar e suspeito de atos de terrorismo na década de 80 (bombas em bancas de jornais e outros atentados feitos pela tigrada da comunidade de informações). Também foi investigado por falsificar o jornal da Igreja Católica, atacando religiosos que denunciavam torturas, assassinatos e desaparecimentos (vejam abaixo nas fontes).
Nunca foi investigado e sequer punido pelas barbaridades que aprontou. Para isso, contou com a proteção dos militares e da comunidade de informações para abafar os escândalos e investigações.
Prossegui na pesquisa e descobri que o filho de Nei, o advogado Bruno Degrazia Möhn trabalha para um grande escritório de advocacia de Brasília contratado por Daniel Dantas para representar o deputado federal Alberto Fraga (DEM) em ação no TCU movida pelo deputado para tentar impedir a compra de ações da BRT/OI pelos fundos de pensão.
Interessante essa ligação entre a extrema direita, nazistas e Daniel Dantas. Mas tem mais.
No registro do site ainda há outros dois nomes apontados como responsáveis pela página: Antonio Afonso Xavier de Serpa Pinto e Zoltan Nassif Korontai.
Serpa Pinto trabalha na Secretaria da Fazenda de Mato Grosso. Korontai é responsável pelo site http://www.projetovendabrasil.com.br. É um negócio estranho como pode ser visto na página da internet. Ele atua na área de tecnologia e fez concurso para analista de sistemas no TRE do Paraná.
O cadastro do site dele está em nome da CliqueHost Internet Hosting e Eletro Eletrônicos (CNPJ 008.144.575/0001-90 – Avenida Doutor Chucri Zaidan, 246, SL 18, São Paulo). O responsável chama-se Frederich Resende Soares Marinho.
Marinho é consultor de informática e trabalha em Piraúba (MG). Há uma série de reclamações de que ele vendeu hospedagens de site e não entregou o serviço. Ele é membro da Assembleia de Deus em Sorocaba.
Outro dado interessante: Ingo coloca um link no e-mail para quem não quiser mais receber as mensagens. Esse link aponta para o seguinte endereço: ingo.newssender.com.br. Newssender é um serviço de marketing eletrônico (leia-se spam) registrado e vendido pela Locaweb Serviços de Internet S/A. O curioso é que é o mesmo provedor que hospeda o site do candidato tucano.
por Tony Chastinet
Recebi ontem à noite um daqueles e-mails nojentos e anônimos, que estão circulando na internet, com calúnias contra a candidata Dilma Roussef. Decidi gastar alguns minutos para tentar identificar os autores. Consegui, e repasso abaixo as informações sobre os autores da baixaria – incluindo as fontes da pesquisa.
Há um e-mail circulando na internet com o seguinte título: “Candidatos de esquerda”. Na mensagem há uma série de calúnias contra Dilma, e o pedido para se votar no Serra. Também recomenda a leitura do site www.tribunanacional.com.br.
Entrei na página e de cara me deparei com aquela foto montada da Dilma ao lado de um fuzil. Uma verdadeira central de calúnias ligada à extrema direita. Vejam uma amostra neste link http://www.tribunanacional.com.br/v2/editorial/a-terrorista/.
O e-mail foi enviado para minha caixa postal na noite de domingo. O remetente é um tal de Ingo Schimidt (ingo@tribunanacional.com.br). O site está registrado na Fapesp em nome do “Círculo Memorial Octaviano Pinto Soares”.
Essa associação tem CNPJ (026.990.366/0001-49), está localizada na SCRN, 706-707, Bloco B, Sala 125, na Asa Norte, em Brasília. O responsável pelo site chama-se Nei Mohn. Em uma pesquisa superficial na internet, descobre-se que ele foi presidente da “Juventude Nazista” em 1968. Era informante do Cenimar e suspeito de atos de terrorismo na década de 80 (bombas em bancas de jornais e outros atentados feitos pela tigrada da comunidade de informações). Também foi investigado por falsificar o jornal da Igreja Católica, atacando religiosos que denunciavam torturas, assassinatos e desaparecimentos (vejam abaixo nas fontes).
Nunca foi investigado e sequer punido pelas barbaridades que aprontou. Para isso, contou com a proteção dos militares e da comunidade de informações para abafar os escândalos e investigações.
Prossegui na pesquisa e descobri que o filho de Nei, o advogado Bruno Degrazia Möhn trabalha para um grande escritório de advocacia de Brasília contratado por Daniel Dantas para representar o deputado federal Alberto Fraga (DEM) em ação no TCU movida pelo deputado para tentar impedir a compra de ações da BRT/OI pelos fundos de pensão.
Interessante essa ligação entre a extrema direita, nazistas e Daniel Dantas. Mas tem mais.
No registro do site ainda há outros dois nomes apontados como responsáveis pela página: Antonio Afonso Xavier de Serpa Pinto e Zoltan Nassif Korontai.
Serpa Pinto trabalha na Secretaria da Fazenda de Mato Grosso. Korontai é responsável pelo site http://www.projetovendabrasil.com.br. É um negócio estranho como pode ser visto na página da internet. Ele atua na área de tecnologia e fez concurso para analista de sistemas no TRE do Paraná.
O cadastro do site dele está em nome da CliqueHost Internet Hosting e Eletro Eletrônicos (CNPJ 008.144.575/0001-90 – Avenida Doutor Chucri Zaidan, 246, SL 18, São Paulo). O responsável chama-se Frederich Resende Soares Marinho.
Marinho é consultor de informática e trabalha em Piraúba (MG). Há uma série de reclamações de que ele vendeu hospedagens de site e não entregou o serviço. Ele é membro da Assembleia de Deus em Sorocaba.
Outro dado interessante: Ingo coloca um link no e-mail para quem não quiser mais receber as mensagens. Esse link aponta para o seguinte endereço: ingo.newssender.com.br. Newssender é um serviço de marketing eletrônico (leia-se spam) registrado e vendido pela Locaweb Serviços de Internet S/A. O curioso é que é o mesmo provedor que hospeda o site do candidato tucano.
SEGUNDO TURNO SERÁ MUITO DISPUTADO
As migrações, preliminares de votos, já aconteceram. Agora, parte-se para a conquista. Os votos de Marina, foram em sua maioria para Serra, mas não ainda o suficiente para impor uma virada.
Espera-se agora uma reação de Dilma. E verificar se a onda vermelha começa a crescer e tomar conta do país, ou se ficaremos restrito ao que a grande imprensa quer nos passar.
Espera-se agora uma reação de Dilma. E verificar se a onda vermelha começa a crescer e tomar conta do país, ou se ficaremos restrito ao que a grande imprensa quer nos passar.
PESQUISAS AINDA APONTAM VITÓRIA DE DILMA
PESQUISA CNT SENSUS
Pesquisa CNT/Sensus divulgada há pouco em Brasília mostra a candidata Dilma (PT) com 46,8% das intenções de votos contra 42,7% de José Serra (PSDB).
Votos nulos e aqueles que não souberam responder somam 10,6 %. Nesse quadro há empate técnico entre os candidatos.
Ao se verificar apenas os votos válidos (descontando os votos nulo e branco) Dilma tem 52,3% contra 47,7% de Serra.
Na pesquisa espontânea (em que não é apresentado o nome do candidato aos entrevistados), Dilma tem 44,5 %, Serra 40,4%.
Segundo a pesquisa, Serra apresenta o maior índice de rejeição com 37,5%. Em contrapartida 35,4% dos entrevistados disseram que não votariam em Dilma.
Em comparação com a última pesquisa do primeiro turno do instituto, divulgada no último dia 28 de setembro, o índice de rejeição de Serra caiu 2,7% e de Dilma subiu 2,8%.
De acordo com a pesquisa, 54,7% dos entrevistados que assistiram o debate entre os candidatos realizados pela TV Bandeirantes, no último domingo (10), disseram que Dilma teve melhor desempenho.
Por outro lado, 45,3% dos entrevistados acharam que Serra foi o vencedor.
A margem de erro é de 2,2 % para mais ou para menos.
A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e realizada entre os dias 11 e 13 de outubro em 136 municípios de 24 estados. Foram feitas 2 mil entrevistas.
Pesquisa CNT/Sensus divulgada há pouco em Brasília mostra a candidata Dilma (PT) com 46,8% das intenções de votos contra 42,7% de José Serra (PSDB).
Votos nulos e aqueles que não souberam responder somam 10,6 %. Nesse quadro há empate técnico entre os candidatos.
Ao se verificar apenas os votos válidos (descontando os votos nulo e branco) Dilma tem 52,3% contra 47,7% de Serra.
Na pesquisa espontânea (em que não é apresentado o nome do candidato aos entrevistados), Dilma tem 44,5 %, Serra 40,4%.
Segundo a pesquisa, Serra apresenta o maior índice de rejeição com 37,5%. Em contrapartida 35,4% dos entrevistados disseram que não votariam em Dilma.
Em comparação com a última pesquisa do primeiro turno do instituto, divulgada no último dia 28 de setembro, o índice de rejeição de Serra caiu 2,7% e de Dilma subiu 2,8%.
De acordo com a pesquisa, 54,7% dos entrevistados que assistiram o debate entre os candidatos realizados pela TV Bandeirantes, no último domingo (10), disseram que Dilma teve melhor desempenho.
Por outro lado, 45,3% dos entrevistados acharam que Serra foi o vencedor.
A margem de erro é de 2,2 % para mais ou para menos.
A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e realizada entre os dias 11 e 13 de outubro em 136 municípios de 24 estados. Foram feitas 2 mil entrevistas.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
TEXTO IMPERDÍVEL
O novo cenário do segundo turno, por Antonio Martins
I - O momento da guinada
Surpreendente, a candidata que lidera as intenções de voto abriu sua participação escancarando a “campanha de calúnias e mentiras” lançada contra si mesma. Tomou a iniciativa de introduzir o tema do aborto – principal peça usada pelos adversários para fustigá-la. Ousou referir-se à esposa de seu oponente, apontando-a como parte dos ataques (e não foi contestada…). Depois, partiu para o território mais desejado: as privatizações, ausentes da campanha até agora, foram tema de três perguntas em sequência, e certamente polarizarão as discussões, daqui para a frente.
Pouco traquejada em debates televisivos, Dilma Roussef teve momentos de nervosismo e lapsos, na noite do último domingo (10/10), primeiro confronto com José Serra após o primeiro turno. Mas ao final, havia alcançado dois objetivos. O mais visível foi retomar a iniciativa e voltar a pautar a disputa presidencial, depois de quase um mês apenas “segurando o resultado” e da frustração por não liquidar a disputa em 3 de outubro. Menos evidente, porém ainda mais importante, foi ter exposto a face pouco convencional – e por isso surpreendente e perigosa – da “nova” direita que a candidatura de José Serra articula. A frase que sintetiza esta descoberta ficará marcada. “Vocês estão introduzindo ódio na vida brasileira”.
A reação de Dilma respondeu a uma emergência. Estacionado por meses no patamar de 25% dos votos, incapaz de despertar entusiasmo ou simpatia durante toda a campanha, José Serra mostrou que não estava morto a partir de meados de setembro. Os ataques subterrâneos que lançou contra a candidata petista foram incapazes de lhe transferir votos. Mas provocaram o segundo turno, porque um grande contingente de eleitores atingidos refugiou-se em Marina (leia também nossa análise análise sobre 3/10).
Embora tenha conquistado menos de 1/3 das preferências dos eleitores, o candidato do PSDB viu-se, de um momento para outro, em condições reais de se tornar presidente. Tal possibilidade foi demonstrada pela primeira pesquisa de intenção de votos para o segundo turno, do Datafolha. Em 7 e 8 de outubro, menos de uma semana após a primeira disputa, Serra avançara pouco: tinha 41% das intenções de voto, contra 40% na sondagem anterior. Mas Dilma caíra de 52% para 48%. A diferença estreitara-se cincos pontos – reduzindo-se a apenas sete. Para entender como tal reviravolta foi possível, é preciso examinar a fundo, a à luz dos novos fatos, as características da campanha de Serra.
II.
Uma estratégia de despolitização radical
Subestimada durante meses, por fugir inteiramente à lógica das disputas políticas clássicas (e do que se esperaria de alguém com o passado do candidato), a trajetória do candidato tucano começa agora a fazer sentido. Inspira-se no Tea Party, a ultra-direita norte-americana que reemergiu com enorme força, em resposta à eleição de Barack Obama – e que tem como ícone Sarah Palin… Seu perfil não se confunde nem com o da direita clássica (que defendia com sinceridade as ideias conservadoras), nem com o do neoliberalismo (que postulava como valor máximo a supremacia dos mercados).
Corresponde a uma fase de impasse do capitalismo ocidental. Depois de verem seu projeto de sociedade questionado, e de o terem reciclado parcialmente nas décadas anteriores, as velhas elites parecem, em todo o mundo, incapazes de dar um novo passo propositivo adiante. Sua associação orgânica com o conservadorismo foi abandonada, na sequência a 1968; sua crença na “mão invisível”, que substituiu a antiga aliança a partir do fim dos anos 1970, acabou destroçada pela crise pós-2008; as periferias batem à porta – tanto as globais, quanto as metropolitanas. Resta resistir a elas: e como não é possível fazê-lo por meio de um projeto articulado, convocam-se os medos e ressentimentos: o irracional.
É uma aposta momentaneamente forte, porque as ideias de ampliação da democracia e transformação social rearticularam-se há muito pouco (na virada do século) e não puderam ainda fincar raízes no imaginário popular, nem formular conceitos sólidos. Lula, Obama ou Evo Morales; o Fórum Social Mundial, a sociedade civil global, o desejo de rever as relações entre o ser humano e a natureza; a cultura das periferias, a aparição em cena dos indígenas e negros, as novas classes médias; a blogosfera, o compartilhamento de cultura e conhecimento, a colaboração como valor decisivo para produzir – tudo isso são todos fenômenos contemporâneos. Não têm o peso da experiência, dos erros, dos recursos materiais e financeiros, da influência geopolítica que caracterizava a tradição de esquerda anterior – especialmente a social-democracia e o socialismo real.
Sem uma alternativa para contrapor a estas inovações que aspiram a construir futuro, a direita-Tea Party tenta despejar sobre elas os preconceitos do passado. Sua estratégia é evitar o debate político e, sobretudo, o choque entre projetos. Suas propostas são risíveis: nos EUA, insiste-se em manter duas guerras, ampliar os cortes de impostos decretados por Bush e, ainda assim, reduzir o déficit público. Seu método é substituir o debate racional pela mobilização de rancores e recalques, pelas denúncias caluniosas e não-assumidas, pelo ataque implacável a certas ideias e personalidades, pela desinformação deliberada e generalizada.
Seu poder não pode ser desprezado – especialmente em sociedades nas quais o acesso médio dos cidadãos à informação ainda é reduzido. Nos EUA, pesquisa recente mostrou que apenas um terço dos cidadãos sabe que Barack Obama é cristão; 20% pensam que ele é muçulmano; e o percentual dos que estão mal-infomados cresceu acentuadamente desde a posse do presidente. Além disso, boa parte da sociedade crê sinceramente que a crise financeira é responsabilidade direta de Obama, não das políticas de seus antecessores…
A candidatura Serra repete de modo impressionante, em seus aspectos centrais, este padrão. O postulante jamais apresentou programa — nem à Justiça Eleitoral1, nem, principalmente, aos eleitores. O sentido geral das propostas de Dilma e Marina é compreensível e razoavelmente conhecido: pode-se aderir a elas, deplorá-las, apoiá-las em parte, estabelecer diálogos. O presidenciável do PSDB apresenta, enquanto isso, uma coleção de promessas incoerentes ao longo do tempo e incompatíveis entre si.
Ele já foi contra e a favor da renda cidadã e do programa habitacional do governo. Ele diz que o Estado brasileiro tem uma dívida crescente (o que é falso…) e ainda assim propõe cortar impostos dos ricos e, ao mesmo tempo, ampliar os benefícios pagos à maioria (contrariando toda a sua prática anterior). Ele tenta sepultar debates incômodos com rompantes repentinos, cheios de bazófia e incompatíveis com seu arco de alianças (em 12/10, dois dias depois de Dilma introduzir na campanha as privatizações, prometeu reestatizar empresas…). A velha mídia jamais questiona estas incongruências. Mergulhada ela própria em crise, talvez deposite suas últimas esperanças numa contra-utopia orwelliana, num descolamento radical entre o discurso político e a realidade, em que a mediação jornalística assumiria por completo caráter de ficção – e seria recompensada por isso…
III.
Desconstruir a adversária
Como lhe falta um programa coerente, a direita-Tea Party apela para a desconstrução das candidaturas que vê como inimigas. Nos EUA, contra todas as evidências e racionalidade, Barack Obama é apontado como um marxista e traidor da pátria – de nada lhe servindo, aliás, manter um orçamento militar superior ao de George W. Bush… No Brasil, o alvo é Dilma. A “nova” direita não ousa atacar nem a figura de Lula, nem o lulismo. Além de temer a popularidade do presidente, não tem projeto a contrapor. Por isso, sua preocupação central não é, sequer, destacar as possíveis qualidades de Serra – mas transformá-lo, por meio da eliminação política de sua adversária, numa espécie de candidato único.
A fase intensa da campanha para desconstruir Dilma começou no final de agosto e desdobrou-se em duas fases. Na primeira, o protagonismo foi do Jornal Nacional e de quatro publicações impressas que esqueceram suas rivalidades históricas para formar uma espécie de Santa Aliança: O Globo, Veja, Folha e Estado de S.Paulo.
Nesta fase, o método consistiu em bombardear a opinião pública com dois “escândalos”: o vazamento do sigilo bancário de Verônica Serra, do qual Dilma Roussef foi – sabe-se agora com certeza – injustamente acusada; e a agência de lobby mantida pelo filho de Erenice Guerra, que não obteve nenhum favorecimento real, embora usasse o parentesco com a mãe poderosa para impressionar clientes. O primeiro caso era uma ficção; o segundo, uma irrelevância. Mas ambos monopolizaram, por 30 dias, as manchetes dos três jornais de maior circulação do país; da revista semanal mais conhecida; e do noticiário de maior audiência na TV. Para atestar o caráter eleitoreiro das “denúncias”, basta lembrar que foram imediatamente esquecidas, ao cumprirem seu papel na campanha. Não visavam investigar a fundo um assunto importante – apenas iniciar atacar uma candidatura, para favorecer outra.
Dilma resistiu ao ataque. Mas nas três semanas que antecederam as urnas, a ofensiva midiática foi complementada por outra: a mobilização das bases conservadoras. Nos EUA, ela é uma caracteística da Tea Party: aproveitando-se da frustração inicial das expectativas geradas por Obama, a direita formou centenas de comitês em todo o país e promoveu ao menos duas grandes marchas em Washington. No Brasil, onde não há nada que se compare a esta força, recorreu-se à difusão de denúncias apócrifas por meio da internet – um espaço onde o PT e seus aliados desperdiçaram muitas oportunidades e ignoraram a blogosfera potencialmente aliada.
A campanha de Serra articulou o lançamento incessante de boatos anônimos. Mobilizou a classe média conservadora e ressentida, numa rede informal muito capilarizada. Imitando uma vez mais o exemplo norte-americano, apoiou-se (sob as vistas grossas da CNBB) no poder crescente que o fundamentalismo está conquistando no catolicismo institucional e em algumas seitas evangélicas.
Uma visita ao site sejaditaverdade, ou a leitura de cartaz, afixado diante de muitas igrejas, no dia da eleição (na foto, em Porto Alegre), dão uma pequena ideia do que se destilou. Segundo a montanha de spams políticos, a candidata teria participado de diversos assassinatos. Sua postulação visaria, fundamentalmente, aprovar a disseminação do aborto, o casamento gay e o ataque do Estado às Igrejas. Enfrentaria processo de uma ex-amante. Lançaria blasfêmias contra Cristo (“nem ele impede minha vitória”). Posaria com armas. Estaria impedida de entrar nos Estados Unidos, por atos terroristas. Teria mobilizado fabricantes de chips chineses para fraudar as urnas eletrônicas brasileiras. Sua candidatura estaria a ponto de ser impugnada pelo “ficha limpa”. Seu vice, Michel Temer, frequentaria seitas satanistas em Curitiba. Etc. Etc. Etc…
O jornalista Leonardo Sakamoto explicou, em seu blog como estas alegações inteiramente inconsistentes acabam adquirindo força, em conjunto. Disparadas às dezenas de milhões, cada uma delas acaba atingindo um público que se sensibiliza pelo tema em questão e acredita no argumento. Os integrantes deste grupo passam a reproduzir a “denúncia”, acrescentando a ela, agora, o peso de sua reputação e influência pessoal.
A montagem desta rede de boatos foi a função a que se dedicou o norte-americano de origem indiana Ravi Singh, sócio da transnacional de marketing político ElectionMall – que prestou consultoria por meses à campanha de Serra2. Em 2007, diante do sucesso de Obama na internet, o site progressista norte-americano Mother Jones entrevistou Michael Cornfield, vice-presidente da empresa. Indagado sobre a possibilidade de a direita servir-se da internet no futuro, ele a considerou inevitável. E frisou: “Há mais de uma maneira de usar a web. Muito mais que uma maneira”…
No exato momento em que a campanha de Serra mobilizava todas as suas energias, a de Lula e Dilma descansava. O movimento fazia sentido, se visto pela lógica das disputas eleitorais travadas até então. Num comício em Curitiba, a uma semana do primeiro turno, o presidente recomendou a seus apoiadores “segurar o jogo”. “Estamos ganhando de 2 x 0 e faltam dez minutos para terminar a partida. O adversário está nos chutando na canela e no peito e o juiz não apita falta. Querem explusar alguém do nosso lado. Vamos fazer como o Parreira, quando técnico do Corínthians, e prender a bola. Enquanto ela estiver nos nossos pés, o outro time não faz gol”.
Comemorara cedo demais a resistência de Dilma aos ataques midiáticos. Não se dera conta de que, em articulação com a boataria apócrifa, eles haviam constituído um ataque em pinça poderoso. Milhões de eleitores, que conheciam a candidata superficialmente, eram atingidos agora tanto pelo Jornal Nacional quanto por mensagens recebidas de pessoas próximas e confiáveis.
Um excelente texto publicado por Weden no site do Luís Nassif sintetizou o cenário. Além de provocar a segundo turno, a artilharia cerrada disparada durante semanas pela mídia e pela central de boatos apócrifos estava começando a desconstruir politicamente a candidata. Expressão destacada do lulismo, responsável pelo planejamento e articulação política de seu segundo governo, ela estava sendo sendo reduzida a uma escolha errada do presidente.
“Reconheço que nunca houve um governo tão bom para nós”, mas “esta mulher é um perigo para o país” foi o depoimento emblemático colhido por Weden junto a um taxista – que estava disposto a votar em Dilma até as vésperas do primeiro turno, mas migrou para Marina e tendia, naquele momento (7/10) a Serra. Embora ainda limitado (daí Dilma manter-se na dianteira), o movimento alastrava-se rapidamente. Weden abordou com realismo seu sentido potencial: “A candidata petista está perdendo o ‘efeito continuidade’ que conseguiu representar até semanas atrás. Se Dilma ficar na metade dos votos governistas, perde a eleição”.
IV.
Por onde corre a repolitização
Como pode uma candidata repolitizar uma campanha, quando setores crescentes do eleitorado questionam sua própria legitimidade? A pergunta embaraçou até mesmo grandes especialistas. Entrevistado por Luís Nassif, Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, sugeriu que a chave era o tema do aborto. Dilma deveria fazer um pronunciamento “amplo e forte” contra a interrupção da gravidez. Era, evidentemente, um equívoco. Se fosse responder a cada uma das invenções lançadas contra si, a candidata não faria mais nada, até 31 de outubro. Além disso, cada resposta acabaria dando mais destaque ao próprio boato. A vítima de uma sequência de calúnias enfrenta um drama semelhante ao de quem cai num poço de areia movediça: quanto mais se debate, mais afunda. A única saída é buscar um ponto de apoio externo.
Dilma viu no debate da Band, em 10 de outubro, o momento para escapar do poço. Procurou o ponto de apoio mais potente – e, ao mesmo tempo, mais difícil e arriscado. Em sua primeira pergunta a Serra, questionou diretamente a desqualificação da campanha. Já na réplica, ainda mais incisiva, apontou a manipulação de suas opiniões relativas tema ao aborto. Voltou ao ele numa pergunta posterior, quando, para ampliar a veracidade do que alegava, mencionou o envolvimento de Mônica Serra no esforço de difamação.
Estava visivelmente tensa: naqueles instantes, qualquer escorregão em sua fala seria catastrófico. Mas completou bem o movimento, que lhe trouxe duas vantagens. Abriu caminho para que sua campanha continue denunciando a armação adversária – ou seja, produzindo antídotos contra a desconstrução de sua imagem. E mostrou grande coragem, desmentindo na prática a impressão – preconceituosa e machista – de que é mero produto de marketing de Lula. Estes dois pontos lhe deram o apoio necessário para abrir, em seguida, o questionamento político e programátrico a Serra. A escolha dos temas era óbvia: privatizações e programas de redistribuição de renda, símbolos máximos da diferença entre o projeto do lulismo e o das elites.
Dará certo? O objetivo principal dos candidatos, num debate como o da Band não é conquistar o eleitorado, mas redefinir os temas que polarizarão a campanha em seguida. Mesmo com apenas 2% de audiência, o evento cria fatos incontornáveis. Os primeiros efeitos foram logo sentidos. A campanha de Serra e os jornalistas que a bajulam tentaram desqualificar a nova postura da candidata – um sinal evidente que ela leva a disputa para um terreno que temem. Mais: o programa de TV do PSDB-DEM foi obrigado a referir-se à privatização. Não poderá manter por muito tempo a abordagem totalmente falsificadora que, como se viu, adotou – desde que a campanha de Dilma aprofunde o tratamento dado ao tema…
Uma coisa é certa: a três semanas da eleição, o giro executado pela candidata em 10 de outubro é um movimento sem retorno. A “Diminha paz e amor”, a continuadora quase natural do legado de Lula, deu lugar a um novo personagem político. Dele precisa fazer parte, também, a polemizadora; a mulher que demonstra vasto conhecimento técnico sobre os programas que coordenou no governo; a que, por estar profundamente envolvida no movimento de democratização expresso pelo lulismo, sente-se à vontade para provocar o choque pedagógico entre prejetos para o Brasil. Desta iniciativa dependem agora tanto a repolitização da campanha quando a consolidação ou recomposição da imagem de Dilma, entre a parcela do eleitorado que esteve ou está em dúvida sobre seu voto.
As reviravoltas de campanha levam algum tempo para produzir todos os seus efeitos. É possível que eles não sejam captadas pelas próximas pesquisas – ou seja, que a diferença entre os dois candidatos volte a diminuir ou mesmo desapareça. Será preciso muita calma nessa hora. O grande risco a evitar é o desespero, que levaria a reverter o giro de Dilma.
O programa de TV será, nesta reta derradeira, o palco central para este confronto de projetos. A trilha aberta em 10 de outubro só pode ser preenchida com muita informação. É preciso expor, por exemplo, – e sempre por meio de fatos – a resistência (política e simbólica) da base de Serra aos programas de redistribuição de renda; as tentativas de sabotar os projetos de lei que tratam do Pré-Sal (um ano depois de apresentados, só um foi transformado em lei pelo Congresso). Se feita com sabedoria e talento, a exposição dos absurdos assacados contra Dilma pela campanha apócrifa lançará o feitiço contra o feiticeiro.
Viveremos fortes emoções, nas próximas semanas. Mas o processo de transformações inciado há oito anos tem potência suficiente para voltar a se impor, entre a maioria do eleitorado. Se isso ocorrer, Dilma acrescentará a sua história pessoal a inteligência de ter sabido, a tempo, comandar o movimento necessário para derrotar a direita-Tea Party – este quase-fascismo pós-moderno que ronda o Brasil em 2010.
I - O momento da guinada
Surpreendente, a candidata que lidera as intenções de voto abriu sua participação escancarando a “campanha de calúnias e mentiras” lançada contra si mesma. Tomou a iniciativa de introduzir o tema do aborto – principal peça usada pelos adversários para fustigá-la. Ousou referir-se à esposa de seu oponente, apontando-a como parte dos ataques (e não foi contestada…). Depois, partiu para o território mais desejado: as privatizações, ausentes da campanha até agora, foram tema de três perguntas em sequência, e certamente polarizarão as discussões, daqui para a frente.
Pouco traquejada em debates televisivos, Dilma Roussef teve momentos de nervosismo e lapsos, na noite do último domingo (10/10), primeiro confronto com José Serra após o primeiro turno. Mas ao final, havia alcançado dois objetivos. O mais visível foi retomar a iniciativa e voltar a pautar a disputa presidencial, depois de quase um mês apenas “segurando o resultado” e da frustração por não liquidar a disputa em 3 de outubro. Menos evidente, porém ainda mais importante, foi ter exposto a face pouco convencional – e por isso surpreendente e perigosa – da “nova” direita que a candidatura de José Serra articula. A frase que sintetiza esta descoberta ficará marcada. “Vocês estão introduzindo ódio na vida brasileira”.
A reação de Dilma respondeu a uma emergência. Estacionado por meses no patamar de 25% dos votos, incapaz de despertar entusiasmo ou simpatia durante toda a campanha, José Serra mostrou que não estava morto a partir de meados de setembro. Os ataques subterrâneos que lançou contra a candidata petista foram incapazes de lhe transferir votos. Mas provocaram o segundo turno, porque um grande contingente de eleitores atingidos refugiou-se em Marina (leia também nossa análise análise sobre 3/10).
Embora tenha conquistado menos de 1/3 das preferências dos eleitores, o candidato do PSDB viu-se, de um momento para outro, em condições reais de se tornar presidente. Tal possibilidade foi demonstrada pela primeira pesquisa de intenção de votos para o segundo turno, do Datafolha. Em 7 e 8 de outubro, menos de uma semana após a primeira disputa, Serra avançara pouco: tinha 41% das intenções de voto, contra 40% na sondagem anterior. Mas Dilma caíra de 52% para 48%. A diferença estreitara-se cincos pontos – reduzindo-se a apenas sete. Para entender como tal reviravolta foi possível, é preciso examinar a fundo, a à luz dos novos fatos, as características da campanha de Serra.
II.
Uma estratégia de despolitização radical
Subestimada durante meses, por fugir inteiramente à lógica das disputas políticas clássicas (e do que se esperaria de alguém com o passado do candidato), a trajetória do candidato tucano começa agora a fazer sentido. Inspira-se no Tea Party, a ultra-direita norte-americana que reemergiu com enorme força, em resposta à eleição de Barack Obama – e que tem como ícone Sarah Palin… Seu perfil não se confunde nem com o da direita clássica (que defendia com sinceridade as ideias conservadoras), nem com o do neoliberalismo (que postulava como valor máximo a supremacia dos mercados).
Corresponde a uma fase de impasse do capitalismo ocidental. Depois de verem seu projeto de sociedade questionado, e de o terem reciclado parcialmente nas décadas anteriores, as velhas elites parecem, em todo o mundo, incapazes de dar um novo passo propositivo adiante. Sua associação orgânica com o conservadorismo foi abandonada, na sequência a 1968; sua crença na “mão invisível”, que substituiu a antiga aliança a partir do fim dos anos 1970, acabou destroçada pela crise pós-2008; as periferias batem à porta – tanto as globais, quanto as metropolitanas. Resta resistir a elas: e como não é possível fazê-lo por meio de um projeto articulado, convocam-se os medos e ressentimentos: o irracional.
É uma aposta momentaneamente forte, porque as ideias de ampliação da democracia e transformação social rearticularam-se há muito pouco (na virada do século) e não puderam ainda fincar raízes no imaginário popular, nem formular conceitos sólidos. Lula, Obama ou Evo Morales; o Fórum Social Mundial, a sociedade civil global, o desejo de rever as relações entre o ser humano e a natureza; a cultura das periferias, a aparição em cena dos indígenas e negros, as novas classes médias; a blogosfera, o compartilhamento de cultura e conhecimento, a colaboração como valor decisivo para produzir – tudo isso são todos fenômenos contemporâneos. Não têm o peso da experiência, dos erros, dos recursos materiais e financeiros, da influência geopolítica que caracterizava a tradição de esquerda anterior – especialmente a social-democracia e o socialismo real.
Sem uma alternativa para contrapor a estas inovações que aspiram a construir futuro, a direita-Tea Party tenta despejar sobre elas os preconceitos do passado. Sua estratégia é evitar o debate político e, sobretudo, o choque entre projetos. Suas propostas são risíveis: nos EUA, insiste-se em manter duas guerras, ampliar os cortes de impostos decretados por Bush e, ainda assim, reduzir o déficit público. Seu método é substituir o debate racional pela mobilização de rancores e recalques, pelas denúncias caluniosas e não-assumidas, pelo ataque implacável a certas ideias e personalidades, pela desinformação deliberada e generalizada.
Seu poder não pode ser desprezado – especialmente em sociedades nas quais o acesso médio dos cidadãos à informação ainda é reduzido. Nos EUA, pesquisa recente mostrou que apenas um terço dos cidadãos sabe que Barack Obama é cristão; 20% pensam que ele é muçulmano; e o percentual dos que estão mal-infomados cresceu acentuadamente desde a posse do presidente. Além disso, boa parte da sociedade crê sinceramente que a crise financeira é responsabilidade direta de Obama, não das políticas de seus antecessores…
A candidatura Serra repete de modo impressionante, em seus aspectos centrais, este padrão. O postulante jamais apresentou programa — nem à Justiça Eleitoral1, nem, principalmente, aos eleitores. O sentido geral das propostas de Dilma e Marina é compreensível e razoavelmente conhecido: pode-se aderir a elas, deplorá-las, apoiá-las em parte, estabelecer diálogos. O presidenciável do PSDB apresenta, enquanto isso, uma coleção de promessas incoerentes ao longo do tempo e incompatíveis entre si.
Ele já foi contra e a favor da renda cidadã e do programa habitacional do governo. Ele diz que o Estado brasileiro tem uma dívida crescente (o que é falso…) e ainda assim propõe cortar impostos dos ricos e, ao mesmo tempo, ampliar os benefícios pagos à maioria (contrariando toda a sua prática anterior). Ele tenta sepultar debates incômodos com rompantes repentinos, cheios de bazófia e incompatíveis com seu arco de alianças (em 12/10, dois dias depois de Dilma introduzir na campanha as privatizações, prometeu reestatizar empresas…). A velha mídia jamais questiona estas incongruências. Mergulhada ela própria em crise, talvez deposite suas últimas esperanças numa contra-utopia orwelliana, num descolamento radical entre o discurso político e a realidade, em que a mediação jornalística assumiria por completo caráter de ficção – e seria recompensada por isso…
III.
Desconstruir a adversária
Como lhe falta um programa coerente, a direita-Tea Party apela para a desconstrução das candidaturas que vê como inimigas. Nos EUA, contra todas as evidências e racionalidade, Barack Obama é apontado como um marxista e traidor da pátria – de nada lhe servindo, aliás, manter um orçamento militar superior ao de George W. Bush… No Brasil, o alvo é Dilma. A “nova” direita não ousa atacar nem a figura de Lula, nem o lulismo. Além de temer a popularidade do presidente, não tem projeto a contrapor. Por isso, sua preocupação central não é, sequer, destacar as possíveis qualidades de Serra – mas transformá-lo, por meio da eliminação política de sua adversária, numa espécie de candidato único.
A fase intensa da campanha para desconstruir Dilma começou no final de agosto e desdobrou-se em duas fases. Na primeira, o protagonismo foi do Jornal Nacional e de quatro publicações impressas que esqueceram suas rivalidades históricas para formar uma espécie de Santa Aliança: O Globo, Veja, Folha e Estado de S.Paulo.
Nesta fase, o método consistiu em bombardear a opinião pública com dois “escândalos”: o vazamento do sigilo bancário de Verônica Serra, do qual Dilma Roussef foi – sabe-se agora com certeza – injustamente acusada; e a agência de lobby mantida pelo filho de Erenice Guerra, que não obteve nenhum favorecimento real, embora usasse o parentesco com a mãe poderosa para impressionar clientes. O primeiro caso era uma ficção; o segundo, uma irrelevância. Mas ambos monopolizaram, por 30 dias, as manchetes dos três jornais de maior circulação do país; da revista semanal mais conhecida; e do noticiário de maior audiência na TV. Para atestar o caráter eleitoreiro das “denúncias”, basta lembrar que foram imediatamente esquecidas, ao cumprirem seu papel na campanha. Não visavam investigar a fundo um assunto importante – apenas iniciar atacar uma candidatura, para favorecer outra.
Dilma resistiu ao ataque. Mas nas três semanas que antecederam as urnas, a ofensiva midiática foi complementada por outra: a mobilização das bases conservadoras. Nos EUA, ela é uma caracteística da Tea Party: aproveitando-se da frustração inicial das expectativas geradas por Obama, a direita formou centenas de comitês em todo o país e promoveu ao menos duas grandes marchas em Washington. No Brasil, onde não há nada que se compare a esta força, recorreu-se à difusão de denúncias apócrifas por meio da internet – um espaço onde o PT e seus aliados desperdiçaram muitas oportunidades e ignoraram a blogosfera potencialmente aliada.
A campanha de Serra articulou o lançamento incessante de boatos anônimos. Mobilizou a classe média conservadora e ressentida, numa rede informal muito capilarizada. Imitando uma vez mais o exemplo norte-americano, apoiou-se (sob as vistas grossas da CNBB) no poder crescente que o fundamentalismo está conquistando no catolicismo institucional e em algumas seitas evangélicas.
Uma visita ao site sejaditaverdade, ou a leitura de cartaz, afixado diante de muitas igrejas, no dia da eleição (na foto, em Porto Alegre), dão uma pequena ideia do que se destilou. Segundo a montanha de spams políticos, a candidata teria participado de diversos assassinatos. Sua postulação visaria, fundamentalmente, aprovar a disseminação do aborto, o casamento gay e o ataque do Estado às Igrejas. Enfrentaria processo de uma ex-amante. Lançaria blasfêmias contra Cristo (“nem ele impede minha vitória”). Posaria com armas. Estaria impedida de entrar nos Estados Unidos, por atos terroristas. Teria mobilizado fabricantes de chips chineses para fraudar as urnas eletrônicas brasileiras. Sua candidatura estaria a ponto de ser impugnada pelo “ficha limpa”. Seu vice, Michel Temer, frequentaria seitas satanistas em Curitiba. Etc. Etc. Etc…
O jornalista Leonardo Sakamoto explicou, em seu blog como estas alegações inteiramente inconsistentes acabam adquirindo força, em conjunto. Disparadas às dezenas de milhões, cada uma delas acaba atingindo um público que se sensibiliza pelo tema em questão e acredita no argumento. Os integrantes deste grupo passam a reproduzir a “denúncia”, acrescentando a ela, agora, o peso de sua reputação e influência pessoal.
A montagem desta rede de boatos foi a função a que se dedicou o norte-americano de origem indiana Ravi Singh, sócio da transnacional de marketing político ElectionMall – que prestou consultoria por meses à campanha de Serra2. Em 2007, diante do sucesso de Obama na internet, o site progressista norte-americano Mother Jones entrevistou Michael Cornfield, vice-presidente da empresa. Indagado sobre a possibilidade de a direita servir-se da internet no futuro, ele a considerou inevitável. E frisou: “Há mais de uma maneira de usar a web. Muito mais que uma maneira”…
No exato momento em que a campanha de Serra mobilizava todas as suas energias, a de Lula e Dilma descansava. O movimento fazia sentido, se visto pela lógica das disputas eleitorais travadas até então. Num comício em Curitiba, a uma semana do primeiro turno, o presidente recomendou a seus apoiadores “segurar o jogo”. “Estamos ganhando de 2 x 0 e faltam dez minutos para terminar a partida. O adversário está nos chutando na canela e no peito e o juiz não apita falta. Querem explusar alguém do nosso lado. Vamos fazer como o Parreira, quando técnico do Corínthians, e prender a bola. Enquanto ela estiver nos nossos pés, o outro time não faz gol”.
Comemorara cedo demais a resistência de Dilma aos ataques midiáticos. Não se dera conta de que, em articulação com a boataria apócrifa, eles haviam constituído um ataque em pinça poderoso. Milhões de eleitores, que conheciam a candidata superficialmente, eram atingidos agora tanto pelo Jornal Nacional quanto por mensagens recebidas de pessoas próximas e confiáveis.
Um excelente texto publicado por Weden no site do Luís Nassif sintetizou o cenário. Além de provocar a segundo turno, a artilharia cerrada disparada durante semanas pela mídia e pela central de boatos apócrifos estava começando a desconstruir politicamente a candidata. Expressão destacada do lulismo, responsável pelo planejamento e articulação política de seu segundo governo, ela estava sendo sendo reduzida a uma escolha errada do presidente.
“Reconheço que nunca houve um governo tão bom para nós”, mas “esta mulher é um perigo para o país” foi o depoimento emblemático colhido por Weden junto a um taxista – que estava disposto a votar em Dilma até as vésperas do primeiro turno, mas migrou para Marina e tendia, naquele momento (7/10) a Serra. Embora ainda limitado (daí Dilma manter-se na dianteira), o movimento alastrava-se rapidamente. Weden abordou com realismo seu sentido potencial: “A candidata petista está perdendo o ‘efeito continuidade’ que conseguiu representar até semanas atrás. Se Dilma ficar na metade dos votos governistas, perde a eleição”.
IV.
Por onde corre a repolitização
Como pode uma candidata repolitizar uma campanha, quando setores crescentes do eleitorado questionam sua própria legitimidade? A pergunta embaraçou até mesmo grandes especialistas. Entrevistado por Luís Nassif, Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, sugeriu que a chave era o tema do aborto. Dilma deveria fazer um pronunciamento “amplo e forte” contra a interrupção da gravidez. Era, evidentemente, um equívoco. Se fosse responder a cada uma das invenções lançadas contra si, a candidata não faria mais nada, até 31 de outubro. Além disso, cada resposta acabaria dando mais destaque ao próprio boato. A vítima de uma sequência de calúnias enfrenta um drama semelhante ao de quem cai num poço de areia movediça: quanto mais se debate, mais afunda. A única saída é buscar um ponto de apoio externo.
Dilma viu no debate da Band, em 10 de outubro, o momento para escapar do poço. Procurou o ponto de apoio mais potente – e, ao mesmo tempo, mais difícil e arriscado. Em sua primeira pergunta a Serra, questionou diretamente a desqualificação da campanha. Já na réplica, ainda mais incisiva, apontou a manipulação de suas opiniões relativas tema ao aborto. Voltou ao ele numa pergunta posterior, quando, para ampliar a veracidade do que alegava, mencionou o envolvimento de Mônica Serra no esforço de difamação.
Estava visivelmente tensa: naqueles instantes, qualquer escorregão em sua fala seria catastrófico. Mas completou bem o movimento, que lhe trouxe duas vantagens. Abriu caminho para que sua campanha continue denunciando a armação adversária – ou seja, produzindo antídotos contra a desconstrução de sua imagem. E mostrou grande coragem, desmentindo na prática a impressão – preconceituosa e machista – de que é mero produto de marketing de Lula. Estes dois pontos lhe deram o apoio necessário para abrir, em seguida, o questionamento político e programátrico a Serra. A escolha dos temas era óbvia: privatizações e programas de redistribuição de renda, símbolos máximos da diferença entre o projeto do lulismo e o das elites.
Dará certo? O objetivo principal dos candidatos, num debate como o da Band não é conquistar o eleitorado, mas redefinir os temas que polarizarão a campanha em seguida. Mesmo com apenas 2% de audiência, o evento cria fatos incontornáveis. Os primeiros efeitos foram logo sentidos. A campanha de Serra e os jornalistas que a bajulam tentaram desqualificar a nova postura da candidata – um sinal evidente que ela leva a disputa para um terreno que temem. Mais: o programa de TV do PSDB-DEM foi obrigado a referir-se à privatização. Não poderá manter por muito tempo a abordagem totalmente falsificadora que, como se viu, adotou – desde que a campanha de Dilma aprofunde o tratamento dado ao tema…
Uma coisa é certa: a três semanas da eleição, o giro executado pela candidata em 10 de outubro é um movimento sem retorno. A “Diminha paz e amor”, a continuadora quase natural do legado de Lula, deu lugar a um novo personagem político. Dele precisa fazer parte, também, a polemizadora; a mulher que demonstra vasto conhecimento técnico sobre os programas que coordenou no governo; a que, por estar profundamente envolvida no movimento de democratização expresso pelo lulismo, sente-se à vontade para provocar o choque pedagógico entre prejetos para o Brasil. Desta iniciativa dependem agora tanto a repolitização da campanha quando a consolidação ou recomposição da imagem de Dilma, entre a parcela do eleitorado que esteve ou está em dúvida sobre seu voto.
As reviravoltas de campanha levam algum tempo para produzir todos os seus efeitos. É possível que eles não sejam captadas pelas próximas pesquisas – ou seja, que a diferença entre os dois candidatos volte a diminuir ou mesmo desapareça. Será preciso muita calma nessa hora. O grande risco a evitar é o desespero, que levaria a reverter o giro de Dilma.
O programa de TV será, nesta reta derradeira, o palco central para este confronto de projetos. A trilha aberta em 10 de outubro só pode ser preenchida com muita informação. É preciso expor, por exemplo, – e sempre por meio de fatos – a resistência (política e simbólica) da base de Serra aos programas de redistribuição de renda; as tentativas de sabotar os projetos de lei que tratam do Pré-Sal (um ano depois de apresentados, só um foi transformado em lei pelo Congresso). Se feita com sabedoria e talento, a exposição dos absurdos assacados contra Dilma pela campanha apócrifa lançará o feitiço contra o feiticeiro.
Viveremos fortes emoções, nas próximas semanas. Mas o processo de transformações inciado há oito anos tem potência suficiente para voltar a se impor, entre a maioria do eleitorado. Se isso ocorrer, Dilma acrescentará a sua história pessoal a inteligência de ter sabido, a tempo, comandar o movimento necessário para derrotar a direita-Tea Party – este quase-fascismo pós-moderno que ronda o Brasil em 2010.
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