sábado, 17 de março de 2012

Porque não querem Adão Iturrusgarai patrono da feira em 2012


Vetar nomes é uma prática autoritária, própria das ditaduras de esquerda ou de direita. Nunca pensei que pessoas ligadas à cultura, que sempre são de vanguarda e progressistas, usassem do obscurantismo, do medo e até do preconceito, para impedir discussões que refutamos importantes. Qualificar uma obra de pornográfica, simplesmente para carimbar negativamente um autor, foi e é uma prática corriqueira. Mas de órgão censores. Foi assim com Nelson Rodrigues, por exemplo. Mas por certo, é a primeira vez na história que (pseudo) intelectuais, utilizam-se desse expediente para desqualificar um trabalho que é reconhecido mundialmente.

Sexo não é tabu. Não pode ser escondido. Quer queiram, quer não queiram, a sociedade mudou seus paradigmas. Um cartunista, só terá sucesso se conseguir retratar o cotidiano. Temos sim diversas Alines. Elas estão aí todos os dias. Somos até capaz de nominá-las. Assim como temos muitos homens que mantém duas ou três mulheres. Há muito tempo que o conceito de casamento cristão, não é mais obedecido cegamente pelos homens e mulheres. Temos o casamento guei, por exemplo. Que existe. É real. Mas as pessoas não só teimam em esconder, como também, alguns imbecis teimam em caracterizar como doença, como se cientistas fossem. A AIDS e as demais DSTS proliferam em nossa sociedade, em razão de tentarmos esconder, não uma realidade, mas um novo paradigma.

Tudo isso é defensável, por qualquer dos lados. Só não é justificável, quando o assunto é debatido entre pessoas que a meu ver deveriam representar a vanguarda de uma sociedade. Discutir a obra de um autor deve servir para que luzes se espraiem sobre as pessoas. Está muito mais do que na hora de discutirmos sexualidade com nossas crianças. Até para que não sejam preconceituosos, como muitos de nós, quando adultos. E que não teimem em esconder verdades que são latentes. E a obra de um autor que fala a linguagem deles poderia sim, servir e muito para avançarmos nesse tema. Luz é conhecimento. Obscurantismo e reacionarismo são as trevas. Em Cachoeira do Sul, mais uma vez, o medo venceu a esperança...Uma pena que isso tenha acontecido. Mas que ao menos, todo esse debate, sirva como reflexão e que, à luz de um conhecimento dialético, venhamos a crescer enquanto civilização.

2 comentários:

Paulo Brião disse...

Não perde teu tempo Júlio tentando convencer pseudo intelectual babaca, que nunca saiu de Cachoeira e se sente protegido no ventre estéril da "Princesa do Jacuí"!!!
Esta camarilha sempre se achou dona de tudo, só vão mudar depois de mortos e talvez alguns ainda nos assombrem com suas elucubrações do infinito!!!

Camaleoa disse...

É, é um erro pensar que intelectuais e gente da "cultura" não sejam, até, os primeiros a censurar artistas que tratam de temas polêmicos. (Se é que falar de sexo é mais polêmico do que o aumento anual que nossos políticos brasileiros se dão por conta própria)
Quando comecei a escrever literatura erótica, em 2000, meus professores universitários foram os primeiros a dizerem que minha carreira estava acabada. Ficaram todos desapontados e foram categóricos quanto ao meu futuro como jornalista. E de fato foi assim. Até sair de Campo Grande eu tinha que responder perguntas do tipo "mas você transa mulher há quanto tempo?", "você tá tendo caso com a fulana?", "você é bem safada pra escrever essas coisas". E afetou mesmo minha vida profissional. Então...
Como nunca tive uma terra natal, digamos assim, por ter morado em diferentes lugares, a indiferença de Campo Grande - lugar onde mais tempo fiquei - não me afeta mais.
No caso do Adão que conseguiu a coisa mais difícil de um artista conseguir - o reconhecimento artístico & FINANCEIRO - tem um compromisso muito maior hoje que não é com sua terra natal e sim com seus leitores. Terra natal, às vezes, é como aquela mãe que só te dá carinho se você a tem como a mulher ideal pro resto da vida senão ela te mata.
Adão é do mundo!