Leia íntegra do discurso do vice-diretor de operações da NewsCorporation, James Murdoch, à equipe do jornal:
"Tenho coisas importantes a dizer sobre o 'News of the World' e as medidas que estamos tomando para resolver os sérios problemas que ocorreram.
É justo que vocês, nossos colegas na News International, sejam os primeiros a ouvir o que tenho a dizer, e ouvirão diretamente de mim.
Não é preciso dizer que o 'News of the World' tem 168 anos. Que é mais lido que qualquer outro jornal em inglês. Que desfrutava do apoio dos maiores anunciantes britânicos. E que tem um histórico louvável de combate ao crime, expondo delitos e frequentemente estabelecendo a agenda noticiosa do país.
Quando digo às pessoas que me orgulho de ser parte da News Corporation, digo que nosso compromisso para com o jornalismo e uma imprensa livre é uma das coisas que nos distingue. O trabalho de vocês merece crédito por isso.
Mas as boas coisas que o 'News of the World" faz foram maculadas por comportamento indevido. De fato, se as recentes alegações procedem, foi um comportamento desumano e que não tem lugar em nossa companhia.
O negócio do "News of the World" é chamar os outros à responsabilidade. Mas o jornal não foi capaz de fazê-lo quanto a ele mesmo.
Em 2006, a polícia concentrou suas investigações em dois homens. Os dois terminaram na prisão. Mas o "News of the World" e a News International falharam em deslindar os repetidos delitos que ocorriam, sem consciência ou propósito legítimo.
Malfeitores fizeram de uma boa redação uma má redação, e isso não foi devidamente compreendido ou esclarecido de forma adequada.
Como resultado, o "News of the World" e a News International sustentaram que os problemas se referiam a um único repórter.
Agora, fornecemos voluntariamente à polícia indícios que, em minha opinião, provarão que isso não era verdade, e aqueles que agiram de modo errôneo terão de enfrentar as consequências.
Mas essa não foi a única falha.
O jornal fez declarações ao Parlamento sem dispor de todos os fatos. Isso foi um erro.
A companhia pagou por acordos extrajudiciais autorizados por mim. Sei que eu não conhecia o quadro completo quando o fiz. Isso foi um erro, e é causa de sério arrependimento.
No momento, existem duas grandes investigações policiais em curso. Estamos cooperando ativamente com ambas. Vocês sabem que foi a News International que apresentou voluntariamente provas que levaram ao estabelecimento da Operação Weeting e da Operação Elveden. Essa cooperação total continuará até que a polícia conclua seu trabalho.
Também admitimos nossa responsabilidade em processos civis. Já fechamos acordos para diversos casos importantes e estabelecemos um fundo de indenização, sob o qual os casos serão adjudicados por Sir Charles Gray, antigo juiz da Alta Corte. Pedir desculpas e tentar corrigir nossos erros é a coisa certa a fazer.
Dentro da companhia, estabelecemos um Comitê de Gestão e Padrões que está trabalhando quanto a essas questões e contratou a Olswang para examinar passados erros e recomendar sistemas e práticas que com o tempo possam se tornar um padrão para o setor. Assumimos o compromisso de publicar os termos de referência da Olswang e suas futuras recomendações de maneira aberta e transparente.
Recebemos de forma positiva a ampla investigação pública sobre os padrões da imprensa e as práticas da polícia, e cooperaremos plenamente com ela.
Assim, da mesma forma que eu reconheço os erros que cometemos, espero que vocês e todas as pessoas de dentro e de fora da companhia reconheçam que estamos fazendo o máximo para corrigi-los, purgá-los e garantir que jamais voltem a acontecer.
Tendo consultado alguns de meus colegas mais importantes, decidi que deveríamos tomar uma nova e decisiva medida com relação ao jornal.
A edição deste domingo será a última do "News of the World". Colin Myer responderá pela edição final do jornal.
Além disso, decidi que toda a receita do "News of the World" neste final de semana será doada a boas causas.
Embora talvez jamais possamos compensar os problemas que foram causados, a coisa certa é que cada centavo da receita de circulação recebida no final da semana vá para organizações -muitas das quais nossas amigas e parceiras de longa data- que melhoram a vida no Reino Unido e se dedicam a tratar os outros com dignidade.
Não veicularemos publicidade neste final de semana. O espaço publicitário da edição final será doado a causas e organizações de caridade que desejem mostrar seu trabalho aos nossos milhões de leitores.
São medidas fortes. Estão sendo tomadas com humildade e por respeito. Estou convicto de que são a coisa certa a fazer.
Muitos, se não a maioria, de vocês são novos na companhia ou não tiveram conexão com o "News of the World" nos anos em que esses eventos desprezíveis ocorreram. Compreendo até que ponto essas decisões podem parecer injustas. Especialmente para os colegas que deixarão a companhia. É claro que comunicaremos os próximos passos de forma detalhada e iniciaremos as consultas devidas.
Vocês talvez vejam essas mudanças como o preço que os funcionários leais do "News of the World" estão pagando por erros alheios. Portanto, por favor atentem à minha declaração de que o seu bom trabalho é um crédito para o jornalismo. Não desejo que a legitimidade do que vocês fazem seja comprometida por atos alheios. Quero que todo o jornalismo da News International esteja acima de qualquer crítica. Insisto em que esta organização viva à altura dos padrões de comportamento que esperamos de terceiros. E por fim, quero que vocês saibam que é essencial que a integridade de todos os jornalistas que jogaram de acordo com as regras seja restaurada.
Obrigado a todos".
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