Há uma relação muito intrigante que perpassa o imaginário de nossa cidade, oportunizando uma dialética instigante entre passado e futuro, saudosismo e modernidade, criando-se com isso uma intrigante relação com o tempo. Traduzindo podemos dizer que existe uma parcela da população que vive do passado e desacredita no futuro, e uma outra que está vocacionada para a realidade de seu tempo.
Não vou aqui perder tempo discutindo patrimônio histórico, pois todos sabem como defendo esta bandeira. Conhecer o passado é fundamental para planejarmos o futuro. O que me irrita profundamente é a terra arrasada que se faz acerca de nossa cidade, principalmente querendo comparar o ontem com o hoje. Comparar o incomparável. Nada nunca está bom. Que saudades da estação ferroviária, das tipuanas da praça, do bar América, das moçoilas que por ali passavam, da cultura do arroz, do centro da nossa cidade. Ai que saudade. São pessoas que dispensam boa parte do seu tempo para se lamentar e muito pouco para fazer.
Hoje devemos nos preocupar também com a Zona Norte da cidade, uma nova cidade e um novo centro comercial. Aliás, uma outra cultura, pois ali estão as pessoas que trabalharam e muito, para conquistar alguma coisa. Quero mais indústrias, empregos, discutir biodiesel, empresas calçadistas. Ampliar as vagas nas Universidades, lutar pela UERGS, pela UAB e pela escola técnica federal que dentro em breve teremos na nossa cidade. É podermos daqui há alguns anos tomarmos banho, mesmo que não tenha luz, coisa que há muito não se consegue, embora tenhamos um grande rio passando ao lado da cidade.Talvez tenhamos nos descuidado e muito, de algumas coisas básicas, mas certamente meus filhos terão orgulho de terem nascido nesta cidade e aqui poderem permanecer.
Concluo pensando sobre esta dicotomia. Desta relação meio Gre-Nal. Uns contras e outros a favor. A crítica é sempre pertinente e importante, desde que não seja destrutiva. Apontar caminhos, olhando para o passado é fundamental e racional. Irracional é se apegar ao passado e tentar transpô-lo para o presente. Achar que apenas aquilo é o correto. Não, a humanidade não caminha desta forma. Certa feita disse aqui neste espaço, que o grande problema desta cidade é o preconceito social. E cada vez mais me convenço disso. Tivemos a pouco um claro exemplo disso com as críticas sem precedentes feitas ao Giuliano Fernandes. Mudar esta cultura é que é difícil. Escrevi e assino embaixo.